É #FAKE que o câncer é uma deficiência de vitamina B17

Circula pela internet a informação de que o câncer é uma deficiência de vitamina B17. Tome cuidado, essa é uma notícia falsa!

Principalmente entre os grupos de Whatsapp, começou a ser disseminada a informação que bastaria suplementar a vitamina B17 para se prevenir contra tumores ou até para curá-los. Uma das versões da notícia falsa promete até uma versão injetável da suposta vitamina para driblar a formação do agente. No entanto, a substância não se enquadra nas vitaminas e também não tem esse potencial curativo. Muito pelo contrário, ela pode ser tóxica para o corpo humano.

As vitaminas do complexo B são a B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9 e B12. Apesar do apelido que ganhou, a B17 é um composto semissintético chamado amigdalina. Ele é extraído do caroço de algumas frutas, a exemplo do pêssego e do damasco. E não existem evidências de que seja benéfico para a saúde – pelo contrário.

Ao processar essa molécula, o organismo produz cianeto, que é tóxico. “Isso é gravíssimo, porque não estamos falando de uma substância inofensiva, mas de algo que ameaça a vida das pessoas”, alerta Maria Del Pilar Estevez Diz, coordenadora de oncologia clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, o Icesp.

Ela foi isolada pela primeira vez em 1830 e patenteada nos anos 1950 com o nome comercial de Laetrile, um suplemento que teria propriedades anticâncer. Mas logo notou-se que a substância era degradada no sistema digestivo até virar cianeto. Médicos explicam que mesmo se não houver essa toxicidade, o que não é comprovado, a teoria de que a amigdalina trataria o câncer em seres humanos não foi verificada em nenhum estudo clínico.

Sua ingestão pode provocar envenenamento agudo, com sintomas como sonolência, confusão mental, redução da frequência cardíaca, arritmias e insuficiência renal e hepática. Já em doses pequenas, o risco é de intoxicação crônica, que leva a problemas sérios ao longo do tempo. Perda de visão e doenças no sistema nervoso estão entre eles.

Uma revisão de 2015 do Instituto Cochrane, organização global focada na avaliação de evidências científicas, afirma que os benefícios do Laetrile não foram comprovados em ensaios clínicos e detectou reações adversas graves por seu uso.

Porém, não há contraindicação do consumo de alimentos que contém amigdalina para os pacientes oncológicos. Assim como outras frutas, verduras e legumes, eles são bem-vindos na dieta dos pacientes durante o tratamento. Só é preciso ficar atento à quantidade consumida e balancear a dieta. O perigo é maior quando a amigdalina é tomada como pílula e acompanhada de vitamina C, que potencializa a toxicidade do composto. Como ela está presente, em determinados casos, nas sementes, também pode ser evitada.

Os principais alimentos com amigdalina são nozes cruas, como amêndoas amargas, amêndoas cruas e nozes de macadâmia, em legumes, como cenoura, aipo, broto de feijão, feijão mungu, feijão e manteiga, e em sementes, como no milho, linhaça, trigo sarraceno, maçãs, ameixas, damascos, cerejas e peras.

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