Docentes da UFSM em Santa Maria rejeitam greve

Assembleia no Campus de Frederico Westphalen será realizada amanhã, 15 de julho.

Reunidos em assembleia na tarde desta segunda-feira, 13, os docentes da UFSM em Santa Maria decidiram não entrar em greve neste momento, semelhante à decisão tomada em 27 de maio, quando da primeira deliberação sobre deflagração de greve nacional. Com 100 votos contrários e 36 favoráveis, a estratégia paredista foi rejeitada, ao passo que atividades de mobilização junto à comunidade universitária e à sociedade civil foram aprovadas para o próximo período. Exemplos seriam a realização de aulas públicas para debater a importância das universidades federais; intervenções na imprensa para constranger o governo e campanhas para pressionar, via email, o Ministério da Educação (MEC) e os parlamentares.

Anteriormente à votação, o presidente da Sedufsm, Adriano Figueiró, fez uma exposição das perdas salariais docentes entre 1998 e 2012, comparando um professor adjunto I do magistério federal com técnicos de nível superior do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Das três carreiras, a do magistério federal é a única que chega em 2012 com um salário 9% inferior ao que recebia em 1998. Isso tudo descontada a inflação do período (medida pelo IPCA).

Outro dado que demonstra o arrocho salarial vivido pela categoria docente é a comparação do salário bruto de todos os níveis da carreira com o salário mínimo. Enquanto, no ano 2000, um professor Adjunto I recebia 20,84 salários mínimos; em 2015 esse mesmo docente recebe apenas 12,70 salários mínimos, demonstrando uma perda de aproximadamente 10% no poder de consumo do professor. Analisando o acordo proveniente da greve de 2012 – forçado pelo Proifes e rejeitado pela Sedufsm, viu-se que somente os professores titulares e os ingressantes na carreira tiveram algum ganho efetivo. Todos os demais tiveram perdas, já que, enquanto o reajuste proposto ficou em 33% dividido em três anos, a inflação acumulada do mesmo período ficou na ordem de 39,5%.

Já a proposta apresentada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) recentemente, após a deflagração da greve nacional em 2015 – que hoje já atinge 40 Ifes, também não contempla as reivindicações da categoria. Isso porque a proposição de aumento de 21,3% parcelado em quatro anos tende a ampliar ainda mais as perdas aos docentes, com exceção, apenas, dos titulares.

Priorização da dívida pública

A explanação inicial da assembleia também deu conta de mostrar que, não obstante o discurso de crise e ajuste fiscal, quase 50% do orçamento da União hoje tem como destino o bolso dos banqueiros. Também, enquanto o dinheiro público investido nas Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) vem sendo reduzido drasticamente (R$ 9,5 bilhões aprovados na Lei Orçamentária deste ano), a injeção de verba no Programa de Financiamento Estudantil (FIES) não sofreu nenhum corte, pelo contrário, hoje é quase o dobro do investimento no ensino público: R$ 15 bilhões. Esses dados, para Figueiró, demonstram que o problema não é falta de dinheiro, mas um programa político que visa a privatização dos serviços públicos.

Durante o debate, posições divergentes quanto à melhor estratégia de pressão ao governo foram apresentadas. Para o professor do departamento de Filosofia, por exemplo, Rogério Passos, a greve é um instrumento que cabe a outras categorias, porém não aos professores do ensino superior. Isso porque, para ele, quando os docentes param de dar aula não causariam impacto econômico, sendo necessárias outras formas de pressão. Já para o professor do departamento de Física e conselheiro da Sedufsm, João Carlos Gilli, a greve dos professores tem um forte impacto político, de forma que, em vários outros momentos, esse instrumento já conquistou vitórias.

O início da assembleia desta segunda foi marcado, ainda, pelos votos de solidariedade aos técnico-administrativos em educação da UFSM pela perda da trabalhadora Eluza Helena Chaves. A mesa também deu o informe de duas atividades orientadas pelo Comando Nacional de Greve Docente para o próximo período:

– 16 de julho: Dia nacional contra os cortes no orçamento e por mais investimentos na educação pública;

– 22 de julho: Caravana dos Servidores Públicos Federais até Brasília.

Durante a assembleia, Nara Quadros, diretora do Sinasefe, fez um informe acerca da categoria representada por sua entidade – os professores do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT). Ela explicou que a categoria, em Santa Maria, encontra-se em estado de mobilização, e defendeu a greve como um instrumento legítimo e histórico, através do qual muitas das conquistas foram obtidas.

Próximas assembleias:

Na quarta-feira e quinta-feira, membros da diretoria da Sedufsm vão até os campi de Palmeira das Missões, Frederico Westphalen e Cachoeira do Sul para novas assembleias. Confira, abaixo, horário e local de cada uma:

UFSM/Palmeira das Missões

15 de julho (quarta-feira)

Auditório do prédio da Finep, às 9h

UFSM/Frederico Westphalen

15 de julho (quarta-feira)

Centro de Convivência dos Servidores, às 15h

UFSM/Cachoeira do Sul

16 de julho (quinta-feira)

Sala 3, às 15h

– Assessoria de Imprensa Sedufsm

 

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