RS é o 6º estado com maior número de bebês hospitalizados por desnutrição

Em 2022, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 2.754 internações de bebês menores de 1 ano por desnutrição, sequelas da desnutrição e deficiências nutricionais, aponta levantamento divulgado nesta semana o Observa Infância da Fiocruz. No Rio Grande do Sul, foram 159 internações de bebês por essas causas no ano passado, o sexto maior número entre todos os estados do Brasil.

De acordo com o estudo, sete menores de um ano foram internadas por dia por desnutrição em 2022. O número é levemente inferior ao registado em 2021, quando 2.979 hospitalizações foram registradas, média de oito por dia. No entanto, o dado de 2021 foi o maior da série histórica (iniciada em 2009), com 114 internações para cada 100 mil nascidos vivos. Em 2011, o País registrou o menor índice, com 75 hospitalizações de bebês para cada 100 mil nascidos vivos.

“No cenário atual, embora o sistema registre uma pequena redução no número de internações de bebês menores de 1 ano por desnutrição no país de 2021 para 2022, de 2.946 para 2.754 hospitalizações, podemos considerar que a tendência se mantém – o que é preocupante”, avalia o coordenador do Observa Infância, Cristiano Boccolini.

De acordo com os dados do Observa Infância, entre 2018 e 2021, o país registrou 13.202 hospitalizações por desnutrição entre menores de um ano. Destas, 5.246 foram de bebês pretos e pardos. Contudo, os dados do recorte racial são incompletos, uma vez que um em cada três registros não trouxeram a informação sobre raça/cor dos bebês.

Das 2.754 hospitalizações de 2022, 1.175 foram no Nordeste, sendo 480 apenas na Bahia, estado que registrou o maior número. A região Sul registrou 376 hospitalizações, acima apenas da região Norte, com 328. Contudo, com 159 internações de bebês por desnutrição, o RS teve dados piores do que o Paraná (114) e Santa Catarina (103).
Mônica Broilo, doutora em Ciências da Saúde, com especialização em Nutrição Clínica, Psicologia do Comportamento Alimentar e em Neurociência e Psicologia Positiva, destaca que a desnutrição infantil é uma questão multicausal e que o aumento dos casos de hospitalização nos últimos anos era esperado em razão de o Brasil ter retornado ao Mapa da Fome.

Ela pontua ainda que os dados de hospitalização de bebês por desnutrição são a ponta “extrema” do problema. “São crianças que estão tão desnutridas que precisaram ser internadas. Com certeza, o percentual de crianças desnutridas é infinitamente maior, mas essas outras crianças talvez não precisem da hospitalização, que é a última ponta do serviço de saúde”, diz.

A respeito da sexta colocação do Rio Grande do Sul, ela destaca que não é possível dizer que se trata de um resultado esperado, mas destaca que o estado está inserido nesse mesmo contexto de aumento da insegurança alimentar.

“Nós sabemos que, embora o Rio Grande do Sul seja um estado com um nível de desenvolvimento mais positivo do que outras regiões, a gente sabe que temos muito problemas, relacionados a uma série de coisas que acabam impactando na alimentação e nutrição das crianças. Não é uma surpresa, a gente sabe que o estado tem os mesmos problemas contextuais que acontecem no resto do País”, afirma Mônica.

 

Com informações Sul 21**

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