Em nota divulgada neste fim de semana, o atual presidente do Partido dos Trabalhadores de Frederico Westphalen, Paulo Vargas Groff, renunciou seu cargo e desfiliou-se do partido.  Segundo Paulo, sua desvinculação se deve por não concordar com os rumos do partido a nível nacional, em especial com os resultados do 6º Congresso Nacional do PT ocorrido no início do mês de junho: 

Paulo ainda destacou que  continuará defendendo as causas sociais e que futuramente pode ingressar em outro partido de esquerda: 

Confira a nota divulgada na íntegra: 

“Dirigimo-nos o todos para informar que encaminhamos a nossa desfiliação do Partido dos Trabalhadores – PT, por não concordar com os rumos do partido a nível nacional, em especial com os resultados do 6º Congresso Nacional do partido ocorrido no início do mês de junho. Este Congresso, no nosso entendimento, não indicou saída para a crise que vive o PT, e que esta inserida dentro da crise do sistema partidário brasileiro. O PT nasceu para ser diferente das agremiações partidárias tradicionais, mas se igualou aos demais em muitos aspectos, principalmente em relação a questão ética. O grupo partidário que domina o PT nacional desde o seu nascimento é responsável por ter colocado o PT nesta “inhaca”, como diz Olívio Dutra, e o 6º Congresso reelegeu este mesmo grupo com 60% dos votos, exaltou como “heróis” os ex-dirigentes condenados por mal-feitos, não fez qualquer autocrítica e não enviou qualquer mensagem ao povo brasileiro que demonstrasse uma mudança do partido, para melhor representar os anseios do povo brasileiro. Reconhecemos que o PT fez muito pela melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro ao longo da sua história, em especial com os governos Lula e Dilma a nível nacional, os governos Olívio e Tarso a nível estadual, e as diversas administrações estaduais e municipais do PT, com avanços consideráveis na área social, com programas maravilhosos como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Reuni e Prouni, Luz para Todos, entre outros programas que reduziram consideravelmente as desigualdades sociais que envergonham o nosso país. Reconheço ainda o papel fundamental do PT, junto com outros partidos de esquerda, na denúncia do golpe contra a presidente Dilma, na defesa das Diretas Já, e contra as reformas da previdência e trabalhista e congelamento dos gastos sociais.

Vamos continuar na esquerda, mantendo a nossa coerência de vida, atuando na política e nos movimentos sociais, pois o nosso descontentamento é com um partido político, não se tratando de uma desilusão com as bandeiras que sempre defendemos, que são bandeiras da esquerda, e que devem, mais do que nunca, serem defendidas: direitos fundamentais, em especial os direitos sociais; justiça social; democracia participativa; pluralidade e respeito as minorias; ética; autonomia dos movimentos sociais e sindicais; agricultura familiar; serviços públicos; sustentabilidade; soberania e solidariedade entre os povos, entre outros temas que dignificam o ser humano. Continuaremos firmes na luta contra o capitalismo selvagem, e a sua nova roupagem “neoliberal”, que defende um mundo para poucos, que acumulam riquezas com base na exploração da grande maioria do povo, e que gera exclusão e marginalização. Em especial, hoje na atual realidade brasileira, devemos estar ativos na defesa destas bandeiras, que tem sido colocadas em xeque à partir do golpe contra a presidenta Dilma, por um grupo que não pensa do bem-estar do nosso povo e nem na soberania do nosso país. Vamos reforçar a nossa luta pela Educação pública, gratuita e democrática, porque isto se faz necessário para o nosso povo ter melhor qualidade de vida e para que a nação se desenvolva a nível social, econômico, político, cultural e ambiental. Necessitamos avançar muito na Educação, a nível quantitativo e qualitativo, para assegurar o acesso, a permanência e uma formação qualificada para o nosso povo.

Por último, gostaria de dizer do nosso privilégio em ter integrado o Partido dos Trabalhadores desde o seu nascimento nos anos 80, participado da eleição e Olívio/Tarso para a Prefeitura de Porto Alegre em 1988, ter integrado este governo, e também o segundo, com Tarso/Raul. De lá para cá continuamos na militância, e nos últimos anos, em Frederico Westphalen, ajudamos a reorganizar o partido e fomos candidato a Prefeito, depois de 16 anos sem o partido ter candidatura própria, mesmo tendo ciência das dificuldades que seria defender a sigla, em função do desgaste que tem sofrido, por erro dos seus dirigentes, mas também pela campanha orquestrada para denegrir a sua imagem. No partido tivemos a honra de conviver com pessoas maravilhosas, sonhadoras com um mundo mais justo e igualitário, que se doam a uma causa, mesmo com sacrifícios pessoais, com quem muito aprendemos sobre solidariedade, trabalho em equipe, respeito ao outro, igualdade de gênero, democracia, construção partidária e a lutar sempre. A estes, um até breve, pois estamos apenas saindo do partido, mas não arredaremos o pé da luta.

Boa luta para todos nós.”

Foto: Arquivo/Rádio Comunitária