Onda de frio no Sul: como as baixas temperaturas podem afetar plantações

Uma frente fria está avançando pela região Sul do País provocando chuvas sobre o Paraná, Sul do estado de São Paulo e algumas áreas do Mato Grosso do Sul. Com isso, temperaturas baixas foram registradas no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Sudeste e no Centro do Brasil, de acordo com boletim climático da Rural Clima. A onda de frio levou os termômetros a ficarem abaixo de zero em algumas localidades.

Para os demais dias da semana, a previsão é de queda acentuada de temperatura no Centro-sul do Brasil, sem expectativa de frio intenso. De acordo Ludimila Camparoto, agrometeorologista da Rural Clima, há uma massa de polar avançando na retaguarda da frente fria, mas ela esta mais centralizada sobre a Argentina e o Uruguai, progredindo um pouco sobre o Rio Grande do Sul, onde deve provocar queda acentuada de temperatura principalmente no extremo sul do estado.

No entanto, essa massa de ar polar será barrada pela frente fria, que ficará estacionada entre Paraná e São Paulo, onde há expectativa de chuvas, no sul do Mato Grosso do Sul e no centro-norte paranaense. No fim de semana, há possibilidade de chuvas na fronteira entre o oeste do Paraná e o Paraguai e, devido a área de instabilidade, o frio esperado para o fim de semana para o Sul do Brasil pode até diminuir um pouco de intensidade.

Para o prognostico é de chuvas mais concentradas sobre a região Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, mas em volume menor, além de registro de temperaturas mais elevadas que o normal para essa época do ano, embora exista algum risco de entrada de massas de ar polar em julho e em agosto no Brasil.

Para o produtor rural que está plantando e manejando suas lavouras de inverno, o momento é de atenção. E, a depender da região, as condições climáticas podem ter efeitos diversos sobre as plantações nos três Estados do Sul.

Rio Grande do Sul

Em algumas regiões, as culturas de inverno estão sendo favorecidas pelo frio, depois de terem sofrido com o clima chuvoso. “Temos a lavoura de trigo quase toda semeada, o que deve acontecer até 20 julho, sem problemas climáticos”, diz Gilberto Bortolini, assistente técnico regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater).

Os produtores que plantaram no final de maio e na primeira quinzena de junho sofreram com o excesso de chuva. Essas lavouras estão com um número menor de plantas do que o desejado. “Talvez 30% da área tenha falha de plantas, sem a necessidade de replantio, mas abaixo do ideal. Outros 40% das lavouras estão bem emergidos”, Bortolini.

A aveia branca foi mais impactada na emergência porque pegou os maiores volumes de chuva, mas está se desenvolvendo de forma regular. Já as lavouras de canola tiveram perdas de 10%, também em função das fortes chuvas que ocorreram depois do plantio.

No município de Jóia, no noroeste gaúcho, as chuvas prejudicaram o plantio das lavouras de inverno. “Muitas camadas férteis do solo foram embora, estamos com muito plantio atrasado, erosão, lavouras lavadas. Tivemos que replantar”, relata o produtor Rafael Fontana. Em uma área de 200 hectares de trigo e 280 hectares de pastagem de inverno para pecuária, o agricultor estima uma perda de 30% de sua área, sendo metade no trigo e metade nas pastagens. O replantio atingiu cerca de 12%.

Segundo o produtor, “a conta não está fechando”, diante da queda no preço das commodities. Muitos produtores gaúchos devem ficar inadimplentes com as instituições financeiras caso não haja um auxílio especial do governo federal ao Estado prejudicado pelas chuvas. Fontana já avalia que a engorda do gado vai atrasar diante das más condições das pastagens de inverno. “Será um inverno desafiador para os produtores gaúchos”.

O produtor Mauro Gripa, de São Francisco de Assis (RS) planta 820 hectares de trigo e afirma que o processo de germinação da última área plantada está extremamente lento em função do frio rigoroso. “Enquanto outras regiões tiveram chuva forte, nossa área não recebeu água e o frio dos últimos dias secou o solo. As geadas estão sendo amplas”. Além disso, Gripa relata que as pastagens estão extremamente ruins em todo município. “Na nossa volta ninguém tem pastagem com essas geadas e o solo está bastante seco”.

Fonte: Globo Rural

Foto: Rafael Fontana/Arquivo Pessoal

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