Nesse dias das mães eu queria abraçar…

No dia 9 de maio é celebrado o Dia das Mães. A data que lembra  todo amor e dedicação das mães com seus filhos e a importância do papel social que uma mãe possui. A colunista do quadro Opinião, Chana Beltramin, descreveu como o sentimento de aproximação das mães umas com as outras deve existir, tendo em vista as dificuldades que muitas mães enfrentam diariamente. 

Leia e assista ao vídeo https://www.instagram.com/p/COakVunAB_M/  

Nesse dia das mães não vamos esquecer das mães esquecidas por este mundo doente e injusto. Mães que não tem muito a dar para seus filhos além do amor, carinho, proteção, trabalho e esperança. Mães que enfrentam o preconceito, a fome, a guerra, a doença, o desprezo e a indiferença. Mães esquecidas por uma sociedade hipócrita, mesquinhas e desigual. Mães a quem foram negadas todas as oportunidades que deveriam ser iguais a todos. Que um dia a humanidade possa comemorar esta data de forma verdadeira e justa.

No dia das mães eu queria poder abraçar todas aquelas que perderam seus filhos para a violência.
No dia das mães eu queria poder abraçar todas as mulheres mães que criam/criaram seus filhos sozinhas, enfrentando o mundo, a ausência dos genitores dos seus filhos e que no fim do dia só tem a si mesmas.
No dia das mães eu queria abraçar todas as mães que sofreram violência obstétrica numa sociedade que naturaliza esse tipo de violência.
No dia das ,mães queria abraçar todas as mães que perderam seus filhos para a homofobia. 
No dia das mães queria abraçar todas as mães negras e periféricas, vitimas de racismo e preconceito. 
No dia das mães queria abraçar todas as mães prostitutas que enfrentam uma dura e incompreendida realidade para conseguir colocar pão na mesa dos filhos.
No dia das mães queria abraçar todas as mães exiladas, que tiveram que abandonar seus países por causa da guerra e da fome.
No dia das mães queria abraçar todas as mães que estão enfermas e desejar que a cura chegue logo.
No dia das mães queria  abraçar todas as mães que possuem alguma dificuldade de mobilidade, as mães deficientes visuais, as mães amputadas, que vivem num mundo que não viabiliza nenhuma acessibilidade e oportunidade. 
No dia das mães queria abraçar todas as mães que cumprem uma tripla jornada de trabalho.
No dia das mães queria abraçar todas as mães de filhos e filhas desaparecidos, que seguem olhando para a porta na esperança de que, algum dia, seus filhos voltem ao lar.
No dia das mães queria abraçar todas as mães que perderam seus filhos para a guerra.
No dia das mães queria abraçar todas as mães que perderam seus filhos para as drogas e para o álcool.
No dia das mães queria abraçar todas as mães que sofreram perdas gestacionais e que nunca tiveram sequer o seu luto respeitado.
No dia das mães queria abraçar todas as mães lésbicas. 
No dia das mães  queria abraçar todas as mães que tiveram depressão pós-parto.
No dia das mães queria abraçar todas as mães em situação de rua, que estão nesse momento diante dos olhos de milhares, mas seguem invisíveis.
No dia das mães queria abraçar todas as mães detentas, a quem muitas vezes não é resguardado nem o direito de amamentar, fazendo-as cumprir uma dupla pena pelos crimes cometidos.
No dia das mães queria abraçar todas as mães idosas, abandonadas nos asilos.
no dia das mães queria abraçar todas as mães que são chamadas de “guerreiras” mas que enfrentam todas as suas batalhas sem apoio algum, nem de quem as chama de “guerreiras”, nem de quem as ignora. 
Queria enfim… abraçar todas as mães que sofrem de transtornos mentais. As mães que estão desempregadas e que não sabem o que vão dar para seus filhos comerem amanhã.
Abraçar todas as mães que enterraram seus filhos ainda crianças. As mães de filhos e filhas adotivos.

Também se fosse possível, abraçar todas as crianças que estão sozinhas nas ruas.

Abraçar todas as filhas e filhos expulsos de casa apenas por amarem alguém do mesmo sexo. 
Abraçar todas as filhas e filhos que não conheceram o amor materno.
Abraçar todos os filhos e filhas que perderam suas mães para a violência doméstica. 
Queria abraçar também todos os filhos e filhas que tem duas mães.

Um abraço imenso que acolhe e compreende. Queria estar perto. Queria que as dores fossem embora num passe de mágica. Queria que não doesse mais aquilo que ainda lhe dói. Eu queria, mais do que consigo exprimir. Eu quero. Quero que se sintam abraçadas e saibam que, como mãe, posso dizer com toda sinceridade do mundo : VOCÊS NÃO ESTÃO SOZINHAS. 

 

*Texto Chana Beltramin 

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