A Operação Penalidade Máxima, deflagrada em fevereiro de 2023, expôs um esquema de manipulação envolvendo jogadores e apostadores, que lucravam em sites de apostas esportivas no futebol brasileiro.
Ao todo, 22 jogadores foram penalizados pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Cinco deles foram banidos definitivamente do futebol. Outros, porém, foram punidos com suspensões que variam entre 360 e 720 dias. A maioria ainda cumpre a pena, enquanto uma parte já está liberada e, inclusive, de volta ao esporte profissional. Por isso, o ge atualiza a situação dos envolvidos.
As investigações revelaram uma rede complexa de corrupção, na qual atletas eram aliciados com promessas de dinheiro para cometer infrações em campo, como cartões amarelos ou pênaltis.
Quem já voltou a jogar?
Sete jogadores já cumpriram as penas, sendo que seis deles têm contrato em vigor com algum clube: o lateral-esquerdo Igor Cariús (Sport), o zagueiro Eduardo Bauermann (Everton, do Chile), o lateral-esquerdo Sávio (Remo), o volante Bryan Garcia (Independiente Del Valle, do Equador), o zagueiro Kevin Lomónaco (Independiente, da Argentina) e, agora, o atacante Alef Manga (Coritiba).
Alef Manga teve a punição encerrada na última quarta-feira e foi reintegrado ao elenco do Coritiba para a sequência da Série B. Por conta do tempo de inatividade ser longo, ele ainda não tem uma data definida para retornar aos jogos.
Por outro lado, Igor Cariús voltou a atuar pelo Sport no início de agosto. Ele já esteve em campo em 10 partidas, sendo titular nas últimas rodadas da Série B. O jogador, inclusive, balançou a rede pela primeira vez desde o retorno, garantindo a vitória por 1 a 0 sobre o Paysandu.
Multado financeiramente, porém não suspenso, Thonny Anderson também está em ação, mas pelo Ituano na Série B. Por fim, o único que já pagou a punição por completo e segue sem clube é o volante Fernando Neto, que jogava no Operário-PR na época do esquema.
Banidos do futebol
Diego Porfírio, Gabriel Tota, Matheus Gomes, Romário e Ygor Catatau foram os jogadores com as penas mais severas. O banimento foi aplicado aos atletas que tiveram um papel mais ativo no esquema, uma vez que intermediaram contatos com apostadores ou receberam valores mais elevados.
Considerado o pivô do esquema, o volante Romário, que defendia o Vila Nova, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B. Em entrevista ao ge, ele admitiu que errou ao aceitar o dinheiro dos apostadores, mas disse que nunca forçou cartões ou cometeu faltas de propósito com base em apostas. A reportagem não conseguiu saber qual a atividade atual exercida pelo ex-jogador.
Matheus Gomes, ex-goleiro, agora trabalha como motorista de aplicativo em Belo Horizonte, ganhando até R$ 7 mil por mês após ser punido por envolvimento em um esquema de apostas. Ele apresentou o jogador Fernando Neto a um apostador, o que resultou em sua condenação. Matheus alega que não recebeu os R$ 100 mil prometidos e considera a pena injusta.
Gabriel Tota, ex-meia, joga em campeonatos amadores e foi acusado de receber dinheiro da quadrilha de apostas para influenciar o desempenho de Paulo Miranda, provocando cartões amarelos em jogos do Juventude. Ele e Miranda foram investigados por uma chamada de vídeo com o chefe da quadrilha antes de uma partida.
Ygor Catatau, ex-atacante, atualmente se dedica ao futevôlei e participa de competições. Ele foi identificado como intermediário em um esquema de apostas envolvendo jogadores do Sampaio Corrêa e recebeu uma multa de R$ 70 mil.
Diego Porfírio, ex-lateral, também atua no futebol amador. Em depoimento, confessou ter aceitado R$ 50 mil para receber um cartão amarelo em um jogo do Coritiba contra o América-MG, e indicou Alef Manga para o mesmo esquema. Ambos receberam cartões na partida.
Ainda suspensos
Nove jogadores pegaram suspensões mais longas do STJD pela participação no esquema de apostas esportivas. Quatro deles (André Queixo, Dadá Belmonte, Mateusinho e Paulo Sérgio) foram punidos com 600 dias. Já outros cinco (Gabriel Domingos, Paulo Miranda, Nino Paraíba, Moraes e Vitor Mendes) cumprem 720 dias.
Mesmo afastados dos campos profissionais, os atletas buscam manter a forma física através de treinos e participam de competições amadoras. Campeonatos de várzea e partidas entre amigos do meio do futebol são algumas das alternativas encontradas pelos jogadores para driblar a inatividade.
Nino Paraíba, natural de Rio Tinto, na Paraíba, por exemplo, participou de uma competição bastante peculiar: a Champions Potiguara. O torneio, realizado na cidade natal do jogador, é direcionado para a comunidade indígena potiguara, presente em grande número na região do Litoral Norte paraibano.
Além das atividades esportivas, alguns atletas também buscam outras fontes de renda. Gabriel Domingos, por exemplo, trabalha em um depósito de material para construções e nutre o sonho de retomar a carreira profissional após o fim da suspensão.
Punidos na Operação Penalidade Máxima:
- Diego Porfírio
- Gabriel Tota
- Matheus Gomes
- Romário
- Ygor Catatau
- Thonny Anderson (Ituano)
- Alef Manga (Coritiba)
- Bryan Garcia (Independiente Del Valle, do Equador)
- Eduardo Bauermann (Everton, do Chile)
- Fernando Neto (sem clube)
- Igor Cariús (Sport)
- Kevin Lomónaco (Independiente, da Argentina)
- Sávio (Remo)
- André Queixo
- Dadá Belmonte
- Mateusinho
- Paulo Sérgio
Suspensos por 720 dias