Segundo informação do podcast Papo de Política, líderes do Centrão estariam se movimentando em favor de uma emenda na Constituição para dar status de “senador vitalício” a todos os ex-presidentes. A motivação seria garantir a Jair Bolsonaro foro privilegiado após 2022, dificultando qualquer condenação em eventuais processos contra o presidente, caso ele não seja reeleito.
A ideia foi copiada do ditador chileno Augusto Pinochet, que criou o cargo para si também como forma de blindar-se dos crimes cometidos ao longo de quase duas décadas. O regime de repressão no Chile deixou cerca de 3 mil mortos, 0,5% dos 600 mil mortos pela pandemia no Brasil.
Assim como ocorreu com Pinochet, a manobra de Bolsonaro não dará certo. O general chileno assumiu o cargo no Senado em 11 de março de 1998 e sete meses depois foi detido em Londres, a pedido da justiça espanhola, sob acusação de crimes contra a humanidade.
Quando deixar a Presidência em janeiro de 2023, o presidente terá contra si acusações ainda mais graves.
RETROSPECTO
Não é a primeira vez que se discute em Brasília a possibilidade de presentear mandatários com o cargo de “senador vitalício”. Em 2002, a ideia aventada daria um cargo no Senado Federal ao ex-presidente FHC, no entanto, ele não teria direito a voto.
A ideia voltou à baila em 2005 pelas mãos do então senador Arthur Virgílio. À época, foi rechaçada pelo então presidente do PT, José Genoíno, e pelo então governador de SP, Geraldo Alckmin, que seria candidato a presidente em 2006. Com a resistência, proposta foi abandonada.