Leite critica politização da vacinação e pede a Pazuello maior comunicação sobre estratégias

O governador Eduardo Leite reforçou que confia ao Ministério da Saúde a aquisição e distribuição das doses de vacina contra a Covid-19 em todo o território brasileiro, mas pediu uma “comunicação clara” sobre as estratégias em relação à campanha e menos. Ao cobrar um cronograma mais organizado do ministro, o governador também criticou a politização acerca do tema. Em transmissão ao vivo, ao lado da secretária estadual de Saúde, Arita Bergamnn, Leite anunciou que o ministro de Saúde Eduardo Pazuello comunicou a previsão de início da campanha de vacinação aos grupos prioritários a partir de fevereiro, visto que as empresas farmacêuticas têm até 60 dias para o registro do imunizante após a entrega de documentação à Anvisa. A reunião de Pazuello com os governadores ocorreu na manhã de hoje. 

“Pedimos ao ministro que comunique com clareza à população toda a estratégia da vacinação”, afirmou Leite ao falar da experiência da pasta frente ao Programa Nacional de Imunização (PNI) que garante, segundo ele, competência para o planejamento de um cronograma com investimentos e distribuição. Leite não informou a previsão de doses a serem enviadas ao Rio Grande do Sul e falou sobre a politização do tema. “Eu tenho responsabilidade com o povo gaúcho e não nós vamos fugir da responsabilidade. Eu confio no Ministério da Saúde, o histórico desta relação se justifica”, disse. E acrescentou: “Agora, diante da lamentável politização do assunto do tema, talvez porque haja comunicação de menos e de outro lado comunicação de mais, este tema tem que ser enfrentado com caráter técnico e não político.”

Eduardo Leite falou sobre o processo de negociação junto ao Instituto Butatan para compra da CoronaVac. “Nós demos início ao processo de negociação diretamente com o Instituto Butantan. Conversei diretamente com (governador de São Paulo João) Doria e encaminhamos o expediente comunicando interesse para aplicação de doses aos profissionais de saúde. Mas a manifestação do ministro reforça a nossa confiança que de dentro do programa estarão disponibilizadas as vacinas para todos os brasileiros”, frisou. Leite falou que o PNI é o melhor caminho para a viabilizar a vacinação pois, devido ao histórico de mais de 40 anos, não precisará ser “criado do zero, inventado”.

Ainda conforme Leite, o governo federal tem contrato firmado para a compra por transferência de tecnologia e insumos com a vacina da Astrazeneca/Oxford. O contrato prevê disponibilização de 100 milhões de doses ao Brasil no primeiro semestre de 2021, sendo 15 milhões de doses em janeiro. O custo de cada dose será de 3,75 dólares.

“Tudo isso sendo feita com a transferência dos insumos pra Fiocruz, que fará, no segundo semestre, capacidade de produção de 160 milhões de doses da vacina”, disse ao lembrar que imunização para a Covid-19 requer duas doses. Com isso, o volume inicial será suficiente para 80 milhões de brasileiros.

A CoronaVac/Butantan está atualmente no processo de entrega de documentação para registro na Anvisa. Já a Astrazeneca/Oxford, conforme Pazuello, deverá encaminhar os documentos nas próximas quatro semanas. A partir da entrega de documentação, há o período de 60 dias para o registro. “O ministro disse que há todo um esforço técnico para adiantar os registros. Importante lembrar que a Anvisa tem uma responsabilidade técnica”, comunicou Leite. “Há uma expectativa da documentação permitir o registro em fevereiro”, frisou citando o condicionamento da vacinação do calendário do estado de São Paulo, o mais avançado no país.

“Todas as vacinas que tiverem registro poderão ser adquiridas”

O governador Eduardo Leite afirmou, nesta terça-feira, que o ministro da Saúde Eduardo Pazuello certificou aos governadores que todas as vacinas que tiverem registro junto da Anvisa “poderão e deverão” ser adquiridas conforme a necessidade. Segundo Leite, “há um forte comprometimento” do governo federal na aquisição dos imunizantes e negou qualquer interferência ideológica na compra.

Outras 40 milhões de doses também devem ser adquiridas por meio do consórcio Covax, que reúne nove produtoras farmacêuticas de vacinas. Somadas com as 260 milhões de doses do contrato com a Astrazeneca/Oxford, o Brasil pode iniciar a campanha com um volume de mais de 300 milhões de doses a serem aplicadas. “Pazuello deixou claro o estágio em que estão as vacinas. Uma vez que seja registrada também estará no rol das compras do Ministério, de acordo com a demanda”, frisou Leite.

*Correio do Povo