Por conta das chuvas excessivas e secas intensas, o endividamento dos produtores rurais do Rio Grande do Sul soma R$ 28,4 bilhões. O assunto foi tema de entrevista coletiva na sede da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), nesta quinta-feira, 6, em Porto Alegre.

“Já faz três anos que temos esses problemas”, desabafou o presidente da entidade, Carlos Joel da Silva.

Carlos Joel citou o Banco Central e a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro/RS) como fontes do levantamento financeiro.

Conforme o presidente da Fetag, do total do endividamento, R$ 11,3 bilhões refere-se a prorrogações no Crédito Rural Oficial no ano passado, R$ 2,3 bilhões ao custeio do agricultor no sistema cooperativo e R$ 14,8 bilhões de contratações do crédito rural oficial 2024/2025, reflexo das consequências das mudanças climáticas e também das alterações no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).

“Não perde só o agricultor, mas toda a sociedade. É menos renda, impostos e empregos. Nós somos 50% do Produto Interno Bruto (PIB), se fosse contabilizado a indústria de máquinas agrícolas”, relatou Carlos Joel.

O Proagro, segundo ele, é o principal mecanismo de financiamento e segurança dos produtores e que está inviabilizado por conta de resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN) publicadas entre 2023 e 2024.

“Como reflexo disso, temos a redução significativa de contratos do Proagro no Rio Grande do Sul”, afirmou o secretário executivo da Fetag-RS, Kaliton Prestes.

Foram firmados, de acordo com Kaliton, 163.752 contratos em 2022, 155.073 em 2023 e 129.521 no ano passado. As quedas são, respectivamente, de 5,6% e 19,7%.

“Esse problema só vai aumentar. O agricultor que não tem cobertura para extremos climáticos fica à mercê e o endividamento aumenta muito mais, além de ficar desamparado de todas as outras políticas públicas”, pontuou Prestes.

Conforme o presidente da Fetag-RS, a entidade deu início a uma agenda de tratativas em prol dos produtores, que ficaram mais fragilizados devido à estiagem, que ultrapassa os 40 dias em metade do território do Rio Grande do Sul.

“Infelizmente, voltamos à estaca zero de tudo o que negociamos no ano passado com o governo. Temos financiamentos vencendo. Se não fizermos mudanças, o Proagro acaba no Rio Grande do Sul”, salientou Joel, ao dizer que quem cria a lei não conhece a atividade no campo.

O dirigente adiantou que a Fetag-RS enviou convites para os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, para um debate na sede da entidade, em Porto Alegre. O convite foi estendido ao governador do Rio Grande do Sul.

No dia 19 de março a entidade participa do Grito de Alerta, no município de São Luiz Gonzaga.

Fonte: Correio do Povo

Foto: Pedro Piegas