Enchentes de maio mudam o curso de rios no Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, as enchentes de maio mudaram o curso de rios.

Depois que a água baixou, um banco de areia de 1,5 km emergiu do Guaíba, em Porto Alegre.

“Esse é um fenômeno natural. Ele ocorre após cheias extremas, como essas observadas no últimos meses no Rio Grande Sul e aí o que a gente observa aqui é o processo de deposição desses sedimentos”, diz o professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, Maurício Paixão.

A terra veio de regiões como o Vale do Taquari, onde a enchente arrastou as encostas.

“O rio passava bem longe daqui. O canal do rio é bem mais para lá. E o rio não era perto dessa casa como vocês estão vendo agora”, conta a zeladora Neli Maria Mallmann.

Em Cruzeiro do Sul, a enxurrada também mudou a vista entre as margens.

“A gente sabia que tinha igreja, que tinha um bairro de Estrela, a gente sabia, mas a gente não enxergava. Agora enxerga tudo, diz o zelador José Tavares.

Em outubro do ano passado, a mata acompanhava o rio Forqueta, em Lajeado. Hoje a paisagem é tomada pelo barro. As perdas do solo e das arvores prejudicam a proteção contra futuras cheias.

 

“Qual é a função das arvores na beira do rio além de proteger essa margem. Elas amenizam a força da agua”, diz a pesquisadora biotecnologia Univates, Elisete Maria de Freitas

 

“É imprescindível fazer a recuperação da margem do rio com vegetação. Tem que inserir vegetação e vegetação adequada”, completa outro pesquisador.

 

Em Sinimbu, dá para perceber o impacto da enchente nas encostas já no centro da cidade. A força do Rio Pardinho levou embora árvores e terra que ficavam na margem. Agora, as casas estão expostas na beira do rio.

Na zona rural, o rio mudou de curso e passou a atravessar uma propriedade onde havia uma plantação de milho.

“Quem conhecia e quem olha hoje quase não acredita no que aconteceu”, conta o agricultor Sandor Schultz.

Sem a encosta preservada também se perde uma defesa contra as estiagens no verão.

“Chove menos, diminui o volume de água. Aí nós não temos as árvores para fazer a sombra e o sol incidindo diretamente sobre essa água em temperaturas elevadas. Então, a gente vai ter uma evaporação muito grande. E aí eu temo muito pela falta de água”, afirma a pesquisadora na área de biotecnologia.

Sem poder voltar para a casa, a população observa o avanço do rio.

“Aqui era muito bom de morar. Eu adorava morar aqui. Eu não tenho raiva do rio. Isso eu vou dizer uma coisa: a natureza, a gente não pode ir contra”, diz zeladora Neli Maria Mallmann.

As enchentes no Rio Grande do Sul tiveram um impacto negativo na arrecadação de impostos no mês de junho. Mesmo assim, o Governo Federal recolheu r$ 209 bilhões – um recorde para o mês desde o começo da série histórica, em 1995. No primeiro semestre, a arrecadação somou R$ 1,3 trilhão. Também um recorde. A Receita Federal afirmou que o aquecimento da economia e medidas como a tributação dos fundos de investimentos exclusivos contribuíram para o resultado.

Fonte: Jornal Nacional
Foto: Reprodução/TV Globo

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