Circula pelas redes sociais a informação de que há um relatório que comprova fraude nas urnas das eleições de 2022. Tome cuidado, essa notícia é falsa!
Uma sequência de publicações no Twitter possui diversas alegações sobre suposta fraude nas eleições de 2022. O autor da publicação cita informações extraídas de um relatório apócrifo, ou seja, de origem suspeita, que repercutiu na imprensa após ser divulgado por um argentino em uma transmissão ao vivo na semana posterior ao segundo turno. O documento faz duas acusações: a primeira de que as urnas do modelo mais novo (UE 2020) apresentam resultados mais consistentes que as urnas de outros modelos (UE 2015, UE 2013, UE 2011, UE 2010 e UE 2009), já que estas não teriam documentação de auditoria; a segunda sobre a existência de divergências entre os arquivos de log (registro de eventos) entre urnas do mesmo modelo.
Na verdade, todos os modelos de urna passaram por procedimentos de auditoria e fiscalização. Os relatórios com as conclusões das auditorias estão disponíveis no site do TSE e asseguram a lisura e transparência do processo eleitoral. O tribunal também esclarece que um único software de votação é usado em todos os equipamentos e que, para o pleito de 2022, o código-fonte das urnas eletrônicas foi aberto com um ano de antecedência, em outubro de 2021. Diversas entidades, como a Polícia Federal, as Forças Armadas, o Ministério Público Federal e o Senado Federal conferiram as linhas de programação.
De acordo com o TSE, os equipamentos mais antigos estão em uso desde 2010 (UE 2009 e UE 2010) e todos aqueles utilizados no pleito de 2022 já haviam sido utilizados nas eleições de 2018, ano em que Jair Bolsonaro foi eleito. Nesse período, eles foram submetidos a diversas análises e auditorias, tais como: a Auditoria Especial do PSDB em 2015 e seis edições do Teste Público de Segurança – TPS (2009, 2012, 2016, 2017, 2019 e 2021).
O TPS é um evento fixo no calendário eleitoral – previsto na Resolução nº 23.444 do TSE – que tem o propósito de detectar brechas e fragilidades no sistema eletrônico eleitoral. Qualquer cidadão brasileiro pode apresentar um plano de ataque ao sistema.
Além disso, o conteúdo confundiu os “logs de urna”, que são os registros das atividades do equipamento, com o programa responsável pela votação. A urna é composta por múltiplos aplicativos. Aquele responsável pelos logs é chamado de Sistema de Carga de Urna Eletrônica (SCUE). Segundo especialistas, os eventos que o SCUE registra em log podem ser diferentes dependendo de como acontece a interação entre ele e o operador fazendo a carga do software na urna.
Essas divergências no processo de carga do software em diferentes urnas não afeta a votação, afinal, a cerimônia de assinatura digital e lacração das urnas, evento público que ocorre no TSE, impede qualquer modificação no software dos equipamentos. Neste ano, a cerimônia foi concluída em 2 de setembro.