Desabrigados após enchente no RS vivem em barracas no inverno com temperaturas baixas

A enchente que atingiu Porto Alegre em maio deste ano tirou milhares de famílias de casa. Com as casas destruídas, quem residia na Região das Ilhas improvisou moradias em barracas junto à BR-290, debaixo da ponte.

Passados mais de dois meses da inundação, pessoas seguem na rodovia e, agora, precisam lidar com outra preocupação além do nível do Guaíbao frio do inverno gaúcho. Por volta das 7h, os termômetros da Capital marcavam 8ºC nesta segunda-feira (8). No sábado (6), fez 2,9ºC.

“Nós somos pobres. O pouco que a gente tem, faz falta. No inverno, que era para gente estar agasalhado, dentro de uma casa, quentinho, a gente tá assim ó”, diz Maria Machado da Silva, apontando para a moradia improvisada.    

Maria e a família estão em uma barraca no canteiro central da BR-290 junto da esposa, Maria Machado da Silva. Enquanto conversavam com a reportagem, os netos brincavam ali perto em volta de uma fogueira.

 

“Não é fácil. Mas a gente tem se acostumado. Eu já passei muitas vezes por barraca. Essa enchente ninguém esperava. E essa enchente levou tudo. Na barraca, a gente fecha ela e ela fica quentinha. mas a casa é outra coisa. Ficar dentro da casa. Tem assoalho, tem piso, é mais quentinho”, diz o pescador Cledir Nunes, marido de Maria.

 

O casal vivia em um terreno na Região das Ilhas às margens do Rio Jacuí. No mesmo terreno, viviam os filhos. Eram três casas. Todas foram varridas pela água durante a enchente.

“A gente vai levando conforme. A gente tem medo do frio. O que falta mesmo é uma casa. Entra frio de noite. Tem vento forte, às vezes levanta a barraca. De manhã, a gente levanta já molhando a cabeça na lona”, lamenta Maria.

Medo de perder o que sobrou

Mais de 200 pessoas estão às margens da rodovia esperando por uma solução definitiva em relação às suas moradias, que estão alagadas, ou em meio a lama e areia. Uma delas é Célia Teixeira, dona de casa que conta não querer ir para um dos abrigos da prefeitura porque tem receio de perder o pouco que sobrou depois de perder quase tudo na enchente.

“Está muito frio. Quem tem criança pequena como eu tenho, está horrível. Eu fico dentro da barraca. Tenho problema de saúde e, aí, eu me cuido. Seria melhor [se eu pudesse voltar para casa], mas não tem como entrar, não tem como”, diz.

A prefeitura diz que o trabalho na Região das Ilhas depende da redução do nível da água sobre a Avenida Voluntários da Pátria. Para isso, é necessário que entre em funcionamento a Estação de Bombeamento de Águas Pluviais da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb). A operação da empresa na Capital está interrompida devido aos danos provocados pela enchente.

O Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) diz que demonstrou interesse em assumir a operação do equipamento, mas não houve definição em relação a isso – somente depois é que será possível a limpeza da rede pluvial, por sucção e hidrojateamento dos resíduos.

Pessoas fora de casa

De acordo com o governo do estado, 5.446 pessoas seguem desabrigadas no RS. Elas recebem acolhimento em 125 abrigos e em Centros Humanitários Acolhimento (CHAs). Do total de pessoas fora de casa, 36,85% estão na Região Metropolitana de Porto Alegre. Só em Porto Alegre, são 1.073.

Fonte: g1 RS

Foto: RBS TV/Reprodução

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