A produção de grãos no Rio Grande do Sul está estimada em 33,5 milhões de toneladas na safra 2024/25, segundo o 8º levantamento de safra de grãos divulgado nesta quinta-feira (15) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O número representa uma queda de 8,9% em relação ao ciclo anterior. Já a área plantada deve alcançar 10,4 milhões de hectares, um aumento de 0,4%. Apesar da retração, o estado segue como o quarto maior produtor de grãos do país, atrás de Mato Grosso, Paraná e Goiás, que ocupam, respectivamente, o primeiro, segundo e terceiro lugares no ranking nacional.
As condições climáticas desfavoráveis impactaram principalmente a soja, principal cultura agrícola gaúcha. A oleaginosa enfrenta um cenário contrastante nesta safra: mesmo com aumento de 1,3% na área plantada — estimada em 6,8 milhões de hectares, ou 87,9 mil hectares a mais —, a produção deve registrar queda de 27,3%. A baixa produtividade das lavouras é a principal causa. A estimativa de produtividade média foi revisada para 2.084 kg/ha.
“Registramos uma queda de 2% em relação ao mês anterior, com uma produção estimada 30% abaixo do que foi projetado no início da safra e aproximadamente 45% inferior ao potencial médio da cultura em condições ideais. Com isso, a expectativa para o estado é de 14,3 milhões de toneladas de soja”, afirma o presidente da Conab, Edegar Pretto.
De acordo com o levantamento, as lavouras semeadas mais tardiamente ainda poderiam ter se recuperado e atingido melhores produtividades, mas a ausência de chuvas comprometeu esse cenário, resultando em perdas expressivas. Mesmo assim, o Rio Grande do Sul continua como o quarto maior produtor de soja do país, atrás de Mato Grosso, Paraná e Goiás.
8,3 milhões de toneladas de arroz
Na contramão da soja, o arroz apresenta desempenho positivo no estado. A produção está estimada em 8,3 milhões de toneladas, um aumento de 15,9% em relação ao ciclo anterior. A área cultivada também cresceu, alcançando 951,9 mil hectares — alta de 5,7% na comparação com a safra passada.
O clima seco favoreceu o avanço da colheita, que já alcança 97% da área plantada. Conforme a Conab, a produtividade das lavouras colhidas até agora é considerada muito boa. O bom desempenho é atribuído ao plantio dentro do período ideal e às condições meteorológicas favoráveis, como alta radiação solar, essencial para o desenvolvimento da cultura. Em algumas regiões, no entanto, a limitação da disponibilidade de água exigiu irrigações intermitentes.
5,5 milhões de toneladas de milho
O Rio Grande do Sul também registrou aumento na produção de milho da 1ª safra, que deve totalizar 5,5 milhões de toneladas — alta de 13,5% em relação ao ciclo anterior. O crescimento ocorreu mesmo com uma redução de 11,8% na área cultivada, estimada em 718,7 mil hectares. O estado segue como o principal produtor nacional nessa etapa da safra.
A semeadura foi concluída no fim de fevereiro, e a colheita já superou 93%, com destaque para o Planalto Superior, onde a semeadura é mais tardia. Nessa região, ainda restam áreas a serem colhidas, além das lavouras cultivadas na safrinha. As lavouras ainda em campo apresentam menor potencial produtivo devido à estiagem e às ondas de calor que atingiram o estado. As chuvas de abril amenizaram parte dos impactos, mas não foram suficientes para reverter as perdas. De toda forma, o resultado nessa safra foi muito positivo e a produtividade média é estimada em 7.660 kg/ha, 28,7% acima da safra anterior.
4,1 milhões de toneladas de trigo
Principal produtor nacional de trigo, o Rio Grande do Sul deve colher 4,1 milhões de toneladas na safra 2025, crescimento de 4,4% em relação ao ciclo anterior. O aumento é atribuído à expectativa de boa produtividade, com média estimada em 3.172 kg/ha, baseada em modelos estatísticos.
Apesar disso, a área plantada deve recuar 3,8%, totalizando cerca de 1,3 milhão de hectares. A redução está relacionada à rentabilidade da cultura neste momento, apesar do benefício para o sistema de produção (rotação de culturas com soja e boa palhada para cobertura do solo), boa liquidez do produto final, diluição do custo fixo e utilização do residual dos fertilizantes não utilizados pela soja durante o cultivo de verão.
67,6 mil toneladas de feijão
A produção de feijão preto e de cores no Rio Grande do Sul está estimada em 67,6 mil toneladas, uma queda de 5,7% em relação ao ciclo anterior. A área cultivada recuou 17,3%, totalizando 40,1 mil hectares.
O ciclo do feijão da primeira safra manteve-se dentro de uma estimativa favorável, com leve redução na área plantada e na produção em comparação à temporada 2023/24. No entanto, a partir do segundo ciclo, observou-se um recuo maior na atratividade do preço do feijão em relação a outras culturas de segunda safra, como o milho.
Diante desse cenário, as estimativas de área plantada para o feijão foram revisadas para baixo. Além disso, os meses de março e abril registraram maior irregularidade nas chuvas, fator que impactou negativamente a expectativa de produtividade, indicando um potencial produtivo mais limitado.
Safra brasileira de grãos
Na contramão do cenário gaúcho, a produção brasileira de grãos na safra 2024/25 está estimada em 332,9 milhões de toneladas. O volume representa um aumento de 11,9% — ou 35,42 milhões de toneladas — em relação à safra anterior. O crescimento é impulsionado principalmente pela melhora na produtividade de culturas como soja, milho e arroz, além da expansão de 2,2% na área plantada. A conjuntura de mercado favorável e a expectativa de condições climáticas mais adequadas também contribuem para o desempenho positivo desta temporada.
Foto: Roberto Kazuhiko Zito/Embrapa