Análise: Botafogo é dominante, mas peca na finalização e deixa de construir vantagem em casa

Está tudo igual na decisão por vaga nas semifinais da Conmebol Libertadores entre Botafogo e São Paulo. Apesar de dominar a equipe paulista na maior parte do jogo de ida das quartas de final da competição, na última quarta-feira, no Nilton Santos, o placar não saiu do 0 a 0. Com isso, a definição ficou para a semana que vem, no Morumbis.

O time fez um jogo de intensidade alta, com cara de quem queria encaminhar uma possível vantagem o quanto antes. Assim, dominou as ações no primeiro tempo, finalizou 23 vezes no total, mas não conseguiu converter o volume ofensivo em gols. A bola parou na trave duas vezes, e o São Paulo reagiu no segundo tempo, o que dificultou os caminhos para que os cariocas colocassem um pé na próxima fase.

Primeiro tempo que só o Botafogo jogou

Apesar da posse de bola ser semelhante, foi o Botafogo quem tomou conta da primeira etapa do duelo. A fome para construir o resultado sob seus domínios ficou evidente logo no primeiro minuto, em roubada de bola do estreante na titular Alex Telles, que terminou com Savarino concluindo o lance em um bonito voleio, que Rafael defendeu.

A estratégia do time de Artur Jorge era se impor, com ritmo acelerado, poucos toques na bola, de forma que envolvesse o protegido São Paulo, que entrou em campo com três homens na zaga. Mesmo na tentativa de diminuir a vulnerabilidade defensiva com a linha mais reforçada, foi o articulado ataque alvinegro quem se deu melhor. Vitinho, Thiago Almada e Savarino foram os principais nomes do primeiro tempo.

O lateral-direito jogou avançado, ousou mais no ataque – comparado com o jogo de estreia contra o Corinthians -, tentou dribles, fez bons cruzamentos e contribuiu com desarmes. Também melhorou o entrosamento com Luiz Henrique pelo corredor, essa que tem sido uma principal arma do time em 2024.

Almada e Savarino se movimentaram bastante buscando o jogo, e foram os que mais apareceram na intermediária para tentar algo decisivo. E foi assim que aos 34 minutos, Savarino limpou a marcação de Alan Franco e finalizou no travessão. Na sequência, Almada cobrou escanteio, que Luiz Henrique cabeceou novamente na trave. O camisa 23 ainda teve uma ótima chance aos 40, mas chutou para fora.

Além da dinâmica na frente, o Botafogo se armou para pressionar e roubar a bola. O “perde-pressiona” foi intenso e impediu as jogadas em progressão do São Paulo. Lucas Moura, o principal armador do adversário, transitava sem a bola na intermediária na tentativa de se livrar da marcação e pouco conseguiu fazer em função disso.

Botafogo abdica de jogar no segundo tempo, desconcentra e deixa de construir vantagem em casa

O time de Artur Jorge que parecia se multiplicar em campo para construir e defender, sucumbiu nos 45 minutos finais. Com mudanças táticas feitas pelo São Paulo e fôlego com as trocas do adversário, o Alvinegro teve uma etapa avessa ao que imprimiu inicialmente.

E isso pode ser justificado pela alta intensidade deixada em campo ainda no primeiro tempo, que custou uma queda física e emocional natural. A carta na manga do time de Zubeldía foi se aproveitar disso e explorar com pressão na saída de bola botafoguense.

O goleiro John, por diversas vezes, foi obrigador a rifar a bola por não haver opções seguras para jogar de forma mais aproximada. Essa imposição do São Paulo fez com que o Alvinegro errasse passes, fosse desarmado com mais facilidade e abdicasse, inconscientemente, de jogar.

A falta de controle e concentração sobrecarregou a defesa, o que fez o zagueiro Barboza ser o melhor em campo do Botafogo no segundo tempo. Artur Jorge até tentou retomar a passe com substituições, como a opção de Tchê Tchê, além finalizar mais, com Tiquinho, mas o time pouco conseguiu fazer, aparentando ter deixado a maior parte do que tinha no primeiro tempo.

Agora, a decisão será nos 90 minutos restantes no Morumbis, em São Paulo, na próxima quarta-feira. Se conseguir manter o que fez no primeiro tempo e acertar a meta nas oportunidades criadas (foram 23 contra seis), tem grandes chances de vencer o time paulista longe de casa. Mas antes, ainda, tem um clássico importante pela manutenção da liderança no Brasileirão, contra o Fluminense, sábado, no Maracanã.

Fonte: ge
Foto: André Durão

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