Trocas de mensagens mostram venda de registros de veículos por funcionários de Centros de Veículos Automotores no RS, diz polícia

A Polícia Civil e a Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran RS) fazem operação nesta quinta-feira (10) contra suspeitos de envolvimento em um esquema de fraude na emissão de Certificados de Registros de Veículos Digital (CRLV).

Uma conversa por mensagens interceptada pela polícia, entre um suposto funcionário de um Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA) e uma pessoa interessada em comprar o documento, comprovaria o esquema.

São cumpridos 14 mandados de busca e apreensão, além de terem sido feitas as quebras de sigilos bancário e fiscal de três empresas e oito pessoas com a autorização da Justiça nas cidades de Porto Alegre, Viamão, Pelotas, Uruguaiana, São Vicente do Sul, Santa Bárbara do Sul, Santana do Livramento e Sentinela do Sul.

De acordo com a Polícia Civil, há suspeita de que mais de 40 mil certificados foram impressos de forma ilegal. A investigação indica que parte dos documentos foi usada para o tráfego de veículos clonados, com envolvimento em dívidas ou inventários.

 

“O rastreamento dos grupos mostra que ocorreu a reprodução, em condições suspeitas, de 40 mil documentos. Agora, temos de checar quais desses foram utilizados para legalizar veículos em condições duvidosas. Sabemos que alguns são para ‘esquentar’ carros clonados ou com débitos”, explica o delegado Augusto Zenon, responsável pela investigação do caso.

Como o esquema funciona

Normalmente, quem pode solicitar CRLV é o proprietário ou procurador do dono do veículo. Conforme regras do Detran, “todo serviço deve ser solicitado ao CRVA mediante preenchimento de requerimento e apresentação de documentos”.

 

Só que diálogos de telefone interceptados pela Corregedoria do Detran comprovam que os despachantes investigados não pediam sequer o nome da pessoa interessada: apenas imprimiam o documento solicitado, conforme a placaA cópia do documento do carro era enviada por WhatsApp, mediante pagamento por PIX, sem conferência da identidade de quem pediu.

Em uma conversa obtida pela polícia (veja acima), uma pessoa pergunta a um suposto funcionário de um CRVA se ele “consegue CRLVE [Certificados de Registros de Veículos Digital] de veículo”. O funcionário diz que sim, explica as regras e dá o preço: R$ 30. Em seguida, diz que fez uma solicitação e que logo fará o envio.

A Corregedoria do Detran confirmou que grupos de WhatsApp, integrados por vistoriadores e atendentes de CRVAs e despachantes, vendem os documentos irregularmente, por valores que vão de R$ 15 a R$ 50, em diversos municípios gaúchos – isso ocorria sem a exigência da comprovação da propriedade do veículo, apenas solicitando a informação da placa desejada.

O delegado Zenon explica que alguns documentos são impressos para que carros que estão sob inventário, após falecimento do dono, possam ser conduzidos por familiares ou até por estranhos.

Os suspeitos responderão por associação criminosafalsificação de selo ou sinal públicofalsificação de documento público e particularuso de documento falso e corrupção ativa ou passiva.

Fonte: g1 RS

Foto: Polícia Civil/Divulgação

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