Análise: Grêmio entrega primeiro tempo ao Fluminense pelas escolhas de Renato e é eliminado

A eliminação na Conmebol Libertadores passa diretamente pelas escolhas do técnico Renato Portaluppi. A derrota por 2 a 1 para o Fluminense, na noite de terça, no Maracanã, foi construída em 27 minutos, diante de um Grêmio que não se encontrou no primeiro tempo e fez 45 minutos desconexos da realidade. Nos pênaltis, um filme visto há poucas semanas em outra copa se repetiu.

Ao Grêmio, resta, antes de tudo, atingir os 45 pontos no Brasileirão, para depois disso almejar qualquer outra coisa na competição. Hoje, tudo fora da briga contra o rebaixamento é mera miragem.

O técnico gremista assumiu um risco para as oitavas de final ao abdicar de uma forma de jogar que os jogadores estavam mais adaptados e havia dado certo no Couto Pereira. A estratégia de sacar Cristaldo do time e colocar um zagueiro a mais não funcionou e a equipe sentiu.

– Fizemos vários jogos com três zagueiros, conseguimos algumas vitórias e boas atuações. Não acredito que tenha perdido meio-campo pela escalação que coloquei em campo. Nós tomamos gol de bola parada e contra-ataque. Não quer dizer que perdeu o meio-campo. Não estivemos bem no início do jogo – explicou Renato.

Apesar da justificativa de Renato, os três zagueiros não deram absolutamente nenhuma segurança. E o Grêmio não conseguiu contra-atacar e levar perigo. Ao contrário: terminou o primeiro tempo sem finalizar. Um time que foi preservado no fim de semana, como já ocorrera na prévia da queda na Copa do Brasil.

Jogando em casa, com a torcida a favor, desde os primeiros minutos o Fluminense se impôs e montou uma blitz. Nos combates individuais, o Grêmio perdeu quase todos, o que permitiu Arias, Ganso e Serna criarem.

Se de um lado os cariocas chegavam para finalizar na meta de Marchesín, do outro, o time de Renato não conseguia chegar ao ataque. Não à toa, Fábio terminou o primeiro tempo sem sujar as luvas.

A ideia de Renato era diminuir os espaços ao adversário e apostar no contra-ataque com velocidade pelos lados. O que não deu certo. A pressão do Fluminense fez efeito aos 13 minutos do primeiro tempo, quando Thiago Silva subiu sozinho na área para abrir o placar.

Ao Grêmio, faltou criação. A ausência de um armador fez o time perder qualidade no passe e abdicar da posse de bola. Aos 21 minutos, Kannemann falhou e gerou um contra-ataque ao Flu. No final do lance, Dodi interceptou a bola com o braço. Seis minutos depois Arias converteu o pênalti que precisou de análise do VAR para ser marcado.

Na volta do intervalo, Renato fez o básico. E funcionou. Cristaldo entrou no lugar do zagueiro argentino e Gustavo Nunes na vaga de Pavon, praticamente nulo. Ganso quase dizimou qualquer chance do Grêmio quando tentou encobrir Marchesín, mas parou no travessão.

Passado o susto, Cristaldo encontrou os atacantes na frente e os extremas passaram a ter espaço para improvisar na jogada individual e pisar na área do Fluminense. Em uma dessas escapadas, Soteldo sofreu falta. Na cobrança, Jemerson descontou, mas o VAR pegou impedimento do zagueiro e anulou.

A entrada de Monsalve na vaga de Dodi deu ao Grêmio ainda mais criatividade. O meia ganhou na ponta direita e encontrou Gustavo Nunes, negociado com o Brentford, para marcar o último gol com a camisa gremista e repetir o placar do duelo de ida.

Mais uma disputa de pênaltis para o Grêmio duas semanas após ser eliminado da mesma maneira para o Corinthians. E o roteiro se repetiu. Assim como fez com Edenilson, Renato colocou Nathan restando dois minutos para acabar o jogo. Resultado: o meia perdeu a cobrança. Cristaldo também parou em Fábio.

Assim, acabou a noite que já indicava ares melancólicos desde o anúncio da escalação. O Grêmio deixou de jogar 45 dos 180 minutos do duelo e acabou por enterrar qualquer sonho na Conmebol Libertadores. Resta a realidade da briga contra o rebaixamento no Brasileirão.

Fonte: ge RS

Foto: João Victor Teixeira