Um vídeo que viralizou na internet em março do ano passado, de três universitárias que debocharam de uma colega de classe pelo fato de ela ter 40 anos, foi tema de uma questão do “Enem dos concursos” neste domingo (18) (veja a íntegra da questão na imagem abaixo).
A questão tratava do preconceito contra a população idosa. Os candidatos tiveram de responder a que tipo de discriminação social o episódio correspondia (idadismo, etarismo, ageísmo, racismo ou capacitismo). Veja abaixo:
Todos os candidatos que se inscreveram para cargos que exigem ensino superior responderam à pergunta no período da manhã, na parte de conhecimentos gerais. Nas redes sociais, internautas comentaram a questão (veja abaixo).
De forma geral, os participantes comentaram que a prova na parte da manhã foi mais fácil do que o esperado. Ela consistia em perguntas de múltipla escolha e uma questão dissertativa, para os concorrentes a vaga de ensino superior, e redação, para o nível médio.
“Achei um nível médio de dificuldade. Estava menos difícil do que eu esperava”, disse Franciele Aparecida, que fez a prova em São Paulo. “Não caíram todas as coisas que eu estudei.”
Também houve reclamações sobre o tempo dado para a prova matinal: 2h30.
Já a parte da tarde, só com questões de múltipla escolha, foi considerada mais difícil por alguns inscritos. Mas professores de cursinho afirmaram que a prova ficou dentro do esperado. Não foi permitido sair com os cadernos de prova.
No vídeo que viralizou, uma das estudantes ironiza: “Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?”. Logo depois, outra responde: “Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”. “Realmente”, concorda a terceira.
Em seguida, a estudante que grava o vídeo diz: “Gente, 40 anos não pode mais fazer faculdade. Eu tenho essa opinião”. Elas chegam a dizer que a mulher “não sabe o que é Google”.
Na época, Patrícia Linares, a estudante hostilizada, disse ao g1 que soube do ocorrido quando estava dentro da sala de aula, enquanto se preparava para apresentar um trabalho. Ela registrou um boletim de ocorrência por injúria e difamação contra as estudantes, que acabaram desistindo da graduação.
O caso gerou repercussão em todo o Brasil, sendo comentado até mesmo pelos ministros dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e da Educação, Camilo Santana, que repudiaram o etarismo contra Patrícia.
Outros temas abordados nesta primeira edição do Concurso Nacional Unificado (CNU) foram inteligência artificial, direitos dos povos originários, reforma agrária e racismo.
Uma das questões da prova do turno da tarde, do bloco do ensino médio, mencionou o livro Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, que discorre sobre como descendentes de escravizados vivem, ainda hoje, situações análogas à escravidão.
A música Manguetown, do Nação Zumbi, também fez parte do exame. Corrupção, ditadura militar e Getúlio Vargas foram temas frequentes.
O CNU, que foi realizada neste domingo (18), é o maior processo seletivo para servidores públicos da história do país, com mais de 2 milhões de inscritos. Pela primeira vez, um exame reúne mais de 6 mil vagas em 21 órgãos federais.
Provas discursivas ✍️
O tema da redação, cobrada somente para candidatos a vagas que exigem ensino médio, foi: “Em que medida a educação e o progresso científico e tecnológico podem contribuir para reduzir as desigualdades socioeconômicas e ampliar o desenvolvimento da sociedade brasileira?”.
A proposta contava com alguns textos motivadores, incluindo trechos de leis e um artigo do Ipea que destacava, entre outras questões, o movimento antivacina e a desconfiança sobre a fatalidade do aquecimento global.
Quem concorre a cargos de ensino superior não fez redação, mas respondeu a uma questão dissertativa.