Isaquias Queiroz tinha um motivação extra para lá de especial na busca por uma medalha nas Olimpíadas de Paris: presentear os filhos Sebastian e Luigi. O primeiro faz 7 anos em 25 de agosto, enquanto o caçula completou 1 ano no início da semana. Quando estava em situação difícil na final do C1 1000m, nesta sexta-feira, o abraço nos pequenos e na esposa Laina Guimarães antes de entrar na água foi o combustível para Isaquias sair do quinto ao segundo lugar com uma arrancada impressionante para cumprir a promessa ao mais velho.
Depois de subir ao pódio, foi a hora de compartilhar a conquista em família e entregar o “prêmio” aos filhos, mas, durante a comemoração, a medalha caiu no chão e deu uma lascada depois que Isaquias a colocou no pescoço de Sebastian. Isaquias ficou chateado com o incidente e pediu para a assessoria ver com a organização das Olimpíadas a possibilidade de uma troca.
Antes, ele tinha falado ao repórter Pedro Bassan, da TV Globo, da emoção em viver momentos especiais assim ao lado dos filhos e da esposa.
– É uma sensação incrível, diferente. É muito especial para mim. Ganhei medalha de prata e bronze no Rio, o ouro Tóquio, mas sem a presença de familiares e torcida (por causa da pandemia de Covid-19). Agora poder ganhar essa medalha de prata na frente dos filhos e da esposa é maravilhoso.
– Ele (Sebastian) estava me pedindo muito a medalha. Consegui para ele. Não foi o ouro, mas essa prata, do jeito que foi, vale ouro. Ele ficou feliz, mordeu a medalha. O Sebastian já entende todo o processo, tem acompanhado bem de perto. A minha família me ajudou bastante ao longo desses últimos anos e poder comemorar com eles presentes aqui é algo único.
Isaquias contou com a torcida da família nas arquibancadas do Estádio Náutico desde o início das disputas da canoagem de velocidade. Fechou a participação no C2 500m ao lado de Jacky Godmann na oitava colocação, mas transformou a frustração no dia anterior em pódio nesta sexta.
Com a medalha, Isaquias chegou ao quinto pódio olímpico na carreira e se igualou aos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael em segundo entre os recordistas do Brasil – a ginasta Rebeca Andrade lidera o ranking, com seis medalhas.
A prova
O bicampeonato olímpico da prova ficou distante diante do desempenho impecável de Martin Fuksa, mas Isaquias mostrou por que é um dos grandes canoístas da história. Depois de um começo acirrado, o brasileiro ficou para trás. Era o quarto na linha dos primeiros 250 metros.
Enquanto Fuksa sobrava na frente e abria vantagem, Isaquias chegou a cair para quinto. Foi essa a posição dele faltando o quarto final da prova (250m), a quase dois barcos de diferença para Zakhar Petrov (Atletas Individuais Neutros) e Serghei Tarnovschi, segundo e terceiro colocados no momento, respectivamente.
A partir de então, Isaquias acionou o “modo turbo” e atropelou os adversários para ganhar três posições e fechar em segundo, garantindo a 16ª medalha do Brasil em Paris. Para orgulho de Sebastian e Luigi.
Martin Fuksa, da República Tcheca, levou o ouro com a melhor marca olímpica da categoria: 3m43s16 – o tempo do brasileiro foi de 3m44s33. Serghei Tarnovschi, da Moldávia, completou o pódio, em terceiro (3m44s68).
Resultado da final⏱️ :
- Martin Fuksa (República Tcheca) – 3m43s16 🥇
- Isaquias Queiroz (Brasil) – 3m44s33 🥈
- Serghei Tarnovschi (Moldávia) – 3m44s68 🥉
- Zakhar Petrov (Atletas Individuais Neutros) – 3m45s28
- Carlo Tacchini (Itália) – 3m48s97
- Wiktor Glazunow (Polônia) – 3m49s05
- Balazs Adolf (Hungria) – 3m49s83
- Sebastian Brendel (Alemanha) – 3m51s44
Fonte: ge