PL já pagou R$ 870 mil a Bolsonaro, Michelle, Braga Netto e 11 assessores

O PL gastou ao menos R$ 870 mil em apenas seis meses com o pagamento de salários ao ex-presidente Jair Bolsonaro, à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ao ex-ministro Walter Braga Netto e a outras dez pessoas ligadas a eles, conforme mostra levantamento feito pelo UOL em dados da prestação de contas do partido ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Os custos de Bolsonaro e equipe no PL

No total, Bolsonaro, Michelle e cinco funcionários que trabalharam diretamente com ele na Presidência da República ganharam R$ 353 mil líquidos (remuneração após descontos) entre janeiro e junho. Esses gastos do PL são custeados pelo Fundo Partidário: recursos públicos que bancam as despesas de funcionamento das estruturas das siglas e, em anos eleitorais, campanhas.

Os salários variam entre R$ 30,4 mil —remuneração de Bolsonaro e Michelle— e R$ 7.800. O ex-presidente recebeu esses valores nos meses de maio e junho, e a esposa, entre março e junho. Até o momento, o PL não prestou contas sobre os valores pagos a eles no segundo semestre.

Já Braga Netto —vice na chapa de Bolsonaro na última eleição— e cinco aliados do general receberam no total R$ 416 mil no primeiro semestre. Eles trabalharam com Braga Netto nos ministérios da Defesa e da Casa Civil, na maioria dos casos em seu gabinete pessoal.

Também integra a lista o tesoureiro da campanha de Bolsonaro e Braga Netto em 2022. O coronel da reserva Marcelo Lopes de Azevedo recebeu R$ 101 mil em salários.

Bolsonaro foi acolhido na função de presidente de honra do PL por Valdemar da Costa Neto, presidente nacional da legenda, enquanto Michelle assumiu o comando do PL Mulher –que administra cerca de R$ 10,6 milhões por ano, 5% dos recursos do Fundo Partidário destinados ao PL. Braga Netto foi contemplado com o cargo de secretário nacional de Relações Institucionais.

Quando negociaram os cargos, os três receberam o compromisso de Valdemar de ganharem remunerações equiparadas a cargos públicos: o salário de Bolsonaro é equivalente ao dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), enquanto para Braga Netto e Michelle, o compromisso foi pagar o mesmo valor recebido por deputados federais.

Além do pagamento recebido do PL, Bolsonaro acumula aposentadorias como capitão do Exército da reserva e deputado federal, que somam R$ 34 mil mensais, em valores líquidos.

A renda familiar de Bolsonaro e Michelle chega a R$ 95 mil mensais. Braga Netto, por sua vez, acumula o pagamento do PL com R$ 23,9 mil líquidos da aposentadoria como general.

Os gastos não são ilegais, mas o uso de dinheiro do Fundo Partidário para custear assessores pessoais contradiz o que já falou Bolsonaro. Em 2020, ele chegou a estimular a campanha “não vote em quem usa o fundão [eleitoral]” —verba pública distribuída a partidos em anos de eleições gerais ou municipais para financiar campanhas.

O Fundo Partidário é um aporte de recursos públicos para bancar as atividades dos partidos políticos. Também entram na conta valores pagos em multas pelas legendas. No primeiro semestre deste ano, foram distribuídos R$ 501,4 milhões.

A distribuição reflete o tamanho das siglas na Câmara dos Deputados. Dono da maior bancada, com 99 deputados, o PL ficou com a maior fatia do bolo: R$ 77,4 milhões.

Pagamentos durante viagem aos EUA

Os cinco assessores de Bolsonaro receberam R$ 145,4 mil entre janeiro e junho. Mais de 70% desse valor (R$ 104,7 mil) foram pagos quando o ex-presidente estava nos Estados Unidos —ele retornou ao Brasil em 30 de março.

Bolsonaro passou exatos três meses nos Estados Unidos, destino para o qual viajou no avião presidencial em 30 de dezembro, deixando de passar a faixa a seu sucessor, Lula (PT).

Entre os contratados ligados a Bolsonaro, está Tércio Arnaud Tomaz, apontado como chefe do Gabinete do Ódio e investigado no inquérito das milícias digitais, no STF. Ele recebeu R$ 14.509,54 no mês de junho -não há informações se ele continua contratado pelo PL.

A mulher de Tércio, Bianca Diniz Arnaud, também aparece na folha do PL. Ela exerceu diversos cargos na Presidência durante a gestão de Bolsonaro.

Outra assessora ligada diretamente ao ex-presidente na folha de pagamento do PL é Patrícia Broetto Arantes. Ela é filha de um dos assessores mais longevos de Bolsonaro, o ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Telmo Broetto —ele foi nomeado no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara entre 2005 e 2018, ano em que ele se elegeu presidente.

Braga Netto: gastos com equipe

O PL contratou ao menos cinco ex-assessores de Braga Netto no Ministério da Defesa —quatro são militares. Os auxiliares custaram R$ 266 mil até junho, segundo os dados do TSE.

Três deles acumularam remunerações expressivas, de quase R$ 75 mil em cinco meses: o coronel da reserva Flavio Botelho Peregrino, tido como braço-direito do general; o tenente-coronel da reserva Vital Lima Santos, que integrou a Comissão de Anistia no governo Bolsonaro; e a civil Adriana Mendes Fortes.

Em suas negociações para assumir o cargo de secretário de Relações Institucionais após a derrota na eleição de 2022, Braga Netto pediu ao partido que custeasse assessores.

 

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