O município de Frederico Westphalen tem um potencial muito grande para a piscicultura, pois tem vários produtores que exercem essa atividade. No entanto, os produtores encontram uma grande barreira que os impede de ir além. O maior problema desse setor, de acordo com o biólogo e especialista em piscicultura, Márcio Manfio, é a comercialização do produto. Vale ressaltar que já houve várias iniciativas no sentido de montar uma agroindústria de pescados no município, mas todas sem sucesso. No final da década de 90 se instalou um frigorífico em Panambi, o qual atendia toda a região, mas que acabou fechando. No momento, há o projeto da construção do Frigorífico do Peixe em Seberi, mas que encontra impasses em conseguir parceiros que viabilizem o investimento.
– Dessa forma, os produtores acabam ficando receosos, pois não há uma cadeia produtiva sólida. Em geral, os peixes são comercializados nas feiras do setor que há no próprio município ou em vendas diretas para compradores que procuram o produto. Falta o último elo da cadeia produtiva, que é a comercialização –, ressaltou Manfio.
Em Frederico Westphalen são produzidas as mais variadas espécies de peixes – carpa, jundiá, tilápia, entre outras. Há muitos açudes para criação de peixes no município, mas com cultivo mais extensivo, sem finalidade econômica. Trata-se mais de uma atividade de subsistência, com comercialização do excedente. Há cerca de sete a oito produtores que desenvolvem uma produção mais extensiva, para comercialização. Além disso, o produtor esbarra em alguns entraves. Ele não pode, por exemplo, vender os peixes no comércio pela questão da inspeção.
Apesar das dificuldades, não falta incentivo
A prefeitura, por meio da Secretaria da Agricultura, busca incentivar e orientar os produtores com a produção de pescados. Na atual administração foram abertos mais de dez hectares de lâmina de água. O município conta atualmente com cerca de 60 hectares de lâmina de água que poderiam ser utilizados para a produção intensiva de peixes, bem acima dos cinco hectares existentes para a comercialização. Com esse total, poderiam ser produzidos anualmente de 120 a 150 toneladas de tilápia. Isso seria suficiente para abastecer uma agroindústria, como afirma o biólogo.
– Os produtores que solicitam uma orientação junto à Secretaria de Agricultura recebem a visita do biólogo Márcio Manfio, que presta esse serviço um dia por semana. “A gente procura passar todas as orientações, desde abertura de açudes, qualidade de água, alimentação, espécies, quantidade de peixes, cuidado com doenças. A questão não é aumentar o número de açudes, e sim tecnificar a produção –, disse.
Alguns cuidados devem ser tomados para obter uma boa produção, como cuidar a qualidade da água e o uso exclusivo de ração para cada espécie. Então o produtor precisa se profissionalizar, uma vez que o investimento é alto. “Hoje, para obter resultados em qualquer atividade, é preciso se qualificar, tecnificar e conduzir o negócio com a finalidade de obter resultados econômicos”, finaliza Manfio.
Legislação
Não há restrições para a venda de peixes vivos para frigoríficos. No entanto, quando o produtor deseja agregar valor ao produto, como vender o filé da tilápia, precisa ter o selo de inspeção para assim poder fazer o processamento do produto.
“Nossa maior dificuldade está na venda do produto”
Apesar de ser uma fonte extra para a família, a produção de peixes não é tida como um negócio para Darci Ló, que afirma que a atividade é tida mais como um “esporte”. Ló trabalha com essa atividade há quatro anos, comercializando junto ao frigorífico na cidade de Horizontina-RS. O produtor estima que já foram aplicados mais de R$ 25 mil em investimento na atividade, mas que não vai além porque não tem uma garantia de venda.
– A nossa maior dificuldade está na venda do produto. São poucos locais que compram e o preço pago é muito baixo. Se houvesse uma agroindústria onde pudéssemos destinar a produção facilitaria bastante –, apontou.
Darci conta atualmente com seis açudes, abrangendo uma área de dois hectares. Neles são cultivadas espécies como tilápia, jundiá, carpa e traíra.
Almir Felin/Folha do Noroeste