por: Lavínia Machado/ Jornalista
Quem não se comunica se trumbica! Gritava assim o velho extravagante apresentador de televisão dos anos 1980. Pode até parecer simples retórica, mas a célebre frase do comunicador Chacrinha está nos cerne dos mais modernos estudos sobre comunicação empresarial. Se os estudiosos atuais do tema utilizam novos verbetes para tratar do assunto, a base do conceito ainda é a mesma: A comunicação é chave para o sucesso de qualquer negócio.
No estado do Rio Grande do Sul poucos setores têm trabalhado tão bem a comunicação quanto o setor cooperativista. Talvez por entender rapidamente a função central que os processos comunicacionais desempenham e como esses contribuem para o desenvolvimento das cooperativas.
Até por isso a comunicação ganhou destaque dentro do Plano Gaúcho de Desenvolvimento para o cooperativismo, o RSCOOP150bi de Prosperidade, prevê a meta de R$ 150 bilhões de faturamento, 4 milhões de associados, 100 mil empregos diretos, R$ 300 milhões de investimentos em capacitação e R$ 7,5 bilhões de sobras líquidas anuais até 2027.
Entres as proposta do plano, os holofotes voltados para a comunicação evidenciam sua importância. Segundo a plataforma do RSCoop150Bi, “A Comunicação é um dos projetos estruturadores do programa RSCOOP150 e se conecta de forma transversal com todo o planejamento de ações.”
Comunicação ganha destaque em Plano de Prosperidade do Cooperativismo Gaúcho ( Foto: reprodução)
A Ascom é COOP!
Com uma experiência de mais de 30 anos no setor cooperativista, a jornalista Cláudia Carvalho, ministra palestras pelo Brasil mostrando como a comunicação e seus processos, como marketing e relacionamentos, podem contribuir para alcançar metas e reforçar a filosofia cooperativista. Na opinião da profissional, os avanços são claros:
“Os desafios ainda existem, mas nós já avançamos muito. O cooperativismo tem crescido em todo país por que a comunicação proposta pelas cooperativas tem chegado nas pessoas. As cooperativas se adaptaram muito bem com as novas mídias e tem feito um trabalho muito bom.” comenta.
De fato a comunicação tem ganhado cada vez mais espaço nos orçamentos das cooperativas, ainda que em muitos momentos seja necessário que o setor de comunicação “brigue” por mais representatividades dentro das cooperativas, como explica Cláudia Carvalho:
Confira o áudio:
Nas redes sociais, nas páginas dos jornais ou nos tradicionais informativos de rádio, os setores de comunicação das cooperativas contribuem para o fortalecimento da filosofia cooperativista. Para a gerente de comunicação da Cotrirosa, Morgana Pretto, a comunicação se tornou mais importante ainda depois do início da pandemia:
“ No pós pandemia o setor ganhou mais espaço e uma importância crucial. Foi pela comunicação que negócios foram concretizados e por ela foi possível chegar na ponta, com o associado, mesmo não podendo ter contato com essas pessoas”
Morgana também ressalta como a comunicação mantém e desenvolve a filosofia cooperativista dentro da Cotrirosa:
Confira o áudio
Na cooperativa Cotrirosa, além do uso das mídias sociais, spots radiofônicos e materiais gráficos , o setor de comunicação estreou o programa Minuto Com o Presidente, momento de contato direto com colaboradores e associados.
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PARA NOVOS FORMATOS, NOVOS CONTEÚDOS
Se a evolução é constante, a comunicação nas cooperativas também precisa evoluir. De Frederico Westphalen é produzido pela cooperativa Sicredi Conexão, a PodCast. Formato que se popularizou no Brasil nos últimos anos, e que, por meio de plataformas de áudio, atrai muitos ouvintes, principalmente jovens.
O podcast Momento Sicredi Conexão surgiu após uma longa discussão na área de comunicação a fim de atualizar um produto anterior da Cooperativa, o informativo semanal, como relata o Assessor de Comunicação Thiago Henrique Aguiar:
“Tendo em vista as frequentes mudanças na forma que não só os associados, mas a comunidade em geral, consomem conteúdos, desde março possuímos semanalmente, dois episódios publicados em nosso canal no Spotify”
Parte do sucesso do programa se deve ao conteúdo ser de acessível linguagem. Entre os temas tratados estão Cooperativismo, Governança, programas da Cooperativa, soluções financeiras e, também, temas relacionados ao segmento financeiro. “ Os colaboradores da Cooperativa são nossas principais fontes de conteúdo, mas também, buscamos profissionais especializados em determinadas áreas afim de oportunizar conteúdo da maneira mais assertiva possível”, comenta Aguiar.
O BOM E VELHO “TÉTI A TÉTI” AINDA ESTÁ COM TUDO
“Não há nada mais esperado do que a festa da cooperativa”. Essa é uma frase muito comum, principalmente no interior do estado do Rio Grande do Sul. Afinal de contas estes são momentos de relacionamento e fortalecimento de marca, objetivos primordiais da comunicação. A especialista em comunicação para cooperativas, Cláudia Carvalho avalia que, apesar do avanço de novas tecnologias, as formas de comunicar também abraçam o chamado” boca a boca”:
“Essa comunicação ainda é a mais eficaz. Mostrar pessoalmente como a cooperativa trata seus cooperados ainda continua sendo o marketing mais efetivo. Desta forma quem ainda não faz parte do quadro de sócios enxerga na cooperativa um bom lugar para passar a estar”, comenta.
A Cresol Raiz , além da utilização dos mais modernos meios digitais também prima pela comunicação pessoal, como explica a assessora de comunicação da cooperativa, Angélica Ferrari: “Nós não podemos esquecer que o âmbito cooperativista é formado por diferentes pessoas. Não podemos deixar nenhuma forma de comunicar de fora, e no interior do estado, um aperto de mão e um sorriso também são formas eficazes, tanto quanto um story, um postagem.”
Como exemplo dessa forma tão eficaz de comunicar, no último mês de julho, a Cresol Raiz, por meio do seu setor de comunicação, elaborou a segunda festa em homenagem ao Colono e Motorista. Um momento de integração entre as comunidades assistidas pela cooperativa.
Quem são os comunicadores cooperativistas?
O Sistema Ocergs realizou recentemente uma ampla pesquisa para conhecer melhor os profissionais responsáveis pela comunicação nas cooperativas. Segundo dados colhidos, 68,7% são mulheres, e 33,9% são jornalistas de formação.
Os setores de comunicação são menos presentes em cooperativas menores. Apenas 6,5% dos entrevistados trabalham para cooperativas com menos de 100 cooperados.
A maioria dos entrevistados ocupa o cargo de analista/assessor.
Confira o levantamento completo!
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