Depois dos professores, dos técnicos-científicos, dos policiais militares e de outras categorias do funcionalismo público estadual, nesta terça-feira (10) foi a vez de os policiais civis do Rio Grande do Sul aprovarem greve da categoria em protesto ao pacote de reforma administrativa do governador Eduardo Leite (PSDB). Em assembleia da Ugeirm, realizada nos arredores do Palácio da Polícia, em Porto Alegre, os policiais decidiram entrar em greve a partir do dia 16 e manter a paralisação enquanto o pacote que altera as carreiras e a previdência dos servidores estiver sendo votado na Assembleia Legislativa.
A Ugeirm critica o pacote, principalmente, em relação a medidas como o aumento das alíquotas de contribuição de ativos e inativos, o fim das promoções periódicas, a restrição às atividades sindicais e o não reconhecimento da paridade e da integralidade aos policiais que ingressaram após 2015.
“A decisão da assembleia foi fazer uma greve enquanto durar essa votação na Assembleia. Foi uma decisão soberana da categoria e já era esperado pela indignação. Nós estamos sendo coerentes”, diz Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm. “Com certeza, a partir do dia 16, a Polícia Civil do RS vai estar mobilizada contra esse pacote do governador Eduardo Leite”
A paralisação foi aprovada para iniciar no próximo dia 16, véspera da data para qual está previsto o início da votação do pacote. Foi aprovado também que, em caso de adiamento da votação e retomada posterior em janeiro, a greve será suspensa e retomada para acompanhar a movimentação do parlamento gaúcho. A assembleia decidiu também já convocar a categoria a suspender a participação em operações a partir desta quarta-feira (11).
Convocada já com indicativo de greve, a assembleia foi marcada por discursos contra o governador e seu vice, Ranolfo Vieira Júnior (PTB), que é delegado de polícia aposentado e foi chamado de traidor em diversas falas. Efígies dos dois com palavras de protesto também foram levadas pelos manifestantes. “O delegado Ranolfo não é mais policial, é um simples político”, disse um representante da categoria da cidade de São Leopoldo.
As falas também focaram na necessidade de a categoria estar unida e de que, não bastava aprovar a paralisação, era preciso que todas as delegacias suspendessem suas atividades durante a votação. “O que for definido aqui, tem que ser defendido por todos”, disse o vice-presidente da Ugeirm, Fábio Castro. “A adesão unificada é uma coisa importante, porque isso foi decidido com toda a categoria e nós precisamos cumprir essa decisão. Esse é o grande desafio com os policiais civis agora”, disse Ortiz após a assembleia.
Outro ponto forte das falas foi o problema de o pacote criar uma diferenciação entre servidores que entraram antes e depois de 2015. “Não vamos deixar que existam duas polícias”, disse Ortiz .”Ninguém vai perguntar quando entrou na polícia antes de dar tiro”, disse um representante dos policiais que ingressou no serviço público em 2015. Representantes de aprovados em concurso que aguardam para ingressar na Civil também aproveitaram a assembleia para cobrar do governo as nomeações e trouxeram um bolo para marcar o aniversário de um ano da espera pelas nomeações.
Após a aprovação da greve, por unanimidade, os milhares de policiais civis que participaram da assembleia fizeram uma caminhada que saiu da Av. João Pessoa em direção ao Palácio Piratini, no Centro de Porto Alegre, para comunicar o governo da decisão.