
Ministério Público faz operação contra desvio de doações dos EUA para vítimas da enchente no RS
Bloqueio em contas bancárias de suspeitos ultrapassa R$ 2 milhões
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), investiga o desvio de doações enviadas dos Estados Unidos para vítimas da enchente que atingiu o território gaúcho no ano passado. Nesta quinta-feira,(4), suspeitos de envolvimento com o esquema foram alvo da chamada Operação Ascaris, que teve o cumprimento de oito mandados de busca em Caxias do Sul, São Marcos e Boa Vista do Sul, além do bloqueio de mais de R$ 2 milhões em contas bancárias.
A ação foi conduzida pelo promotor Manoel Figueiredo Antunes, coordenador do 5º Núcleo Regional do GAECO – Serra, com apoio do Núcleo de Inteligência da instituição (NIMP) e da Brigada Militar. De acordo com a investigação, uma ONG recebeu doação de roupas e utensílios para famílias desabrigadas, mas os produtos acabaram sendo comercializados em brechós, com indícios de enriquecimento ilícito por meio de laranjas e recebimento de valores via Pix em nome de terceiros. Parte do dinheiro ilícito foi usada para aquisição de veículos, um apartamento e outros bens. Oito suspeitos, sendo três deles da mesma família, são investigados.
O começo da apuração foi a partir de uma denúncia do Consulado-Geral do Brasil em Miami, que alertou a Defesa Civil sobre a venda de roupas importadas que deveriam ter sido destinadas às vítimas das enchentes. Agora, segundo o promotor Manoel Antunes, a ação visa esclarecer quanto dinheiro foi movimentado com os desvios. Os suspeitos vão responder por crimes de apropriação indébita, organização criminosa e lavagem de dinheiro, praticados em contexto de calamidade pública.
“O interesse público é muito superior ao interesse individual dos investigados, que se aproveitaram da dor das pessoas para obter vantagem patrimonial. Inclusive, divulgavam ações solidárias em suas redes sociais durante as enchentes, e um dos investigados chegou a ser reconhecido publicamente por isso”, destacou Antunes.
Os suspeitos vão responder por crimes de apropriação indébita, organização criminosa e lavagem de dinheiro, praticados em contexto de calamidade pública. “A Operação Ascaris, que sempre teve uma interlocução direta com a Defesa Civil do Estado, em uma parceria entre as instituições públicas, busca responsabilizar os envolvidos e garantir que recursos e bens desviados sejam recuperados”, disse o coordenador estadual do GAECO, promotor André Dal Molin.
