Deputado Afonso Motta exonera assessor alvo da PF por supostos desvios de emendas da saúde

O deputado Afonso Motta (PDT-RS) demitiu nesta terça-feira (18) o chefe de gabinete Lino Furtado – alvo de buscas na última semana em uma operação da Polícia Federal contra suposto pagamento de propina em emendas parlamentares na área de saúde.

A exoneração deve ser publicada no Diário Oficial ao longo do dia, mas o sistema da Câmara já considera a segunda (17) como o último dia de atividade de Furtado.

g1 teve acesso ao documento protocolado por Motta – que determina, inclusive, a devolução de itens como crachá, cartão do veículo, chaves do gabinete e livros emprestados da Biblioteca da Câmara.

A operação, intitulada EmendaFest, investiga um esquema que teria direcionado verbas ao Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul (RS), em troca de uma comissão de 6% sobre os valores repassados.

Segundo os investigadores, a empresa ACF Intermediações, de Cliver Fiegenbaum, atuava como intermediária para garantir o envio das emendas, repassando parte dos recursos aos envolvidos.

Motta é citado no inquérito, mas não foi alvo da operação – a PF ainda investiga se ele tinha conhecimento do suposto esquema. Nilo Furtado e outros suspeitos foram alvos de buscas.

O suposto esquema

 

A decisão assinada por Flávio Dino afirma que a representação da PF descreve o esquema criminoso “ao longo de mais de 100 páginas”, incluindo prints de conversas e o tal “contrato da propina”.

 

“[…] aponta a autoridade policial a existência de uma organização criminosa que direcionava emendas parlamentares e se apropriava de parte desses recursos públicos”, diz o despacho.

 

Segundo a investigação, o grupo agia para destinar emendas parlamentares ao Hospital Ana Nery, de Santa Cruz do Sul (RS) – mas, em troca, cobrava um percentual dos valores repassados à instituição.

Conversas sobre esse repasse, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), foram encontradas no celular do lobista Cliver Fiegenbaum.

A empresa dele, ACF Intermediações, foi contratada pelo hospital para viabilizar o envio dessas emendas. A comissão de 6%, segundo a PGR, constituiria uma vantagem indevida.

Segundo a PGR, há indícios na investigação de que:

 

  • as emendas foram efetivamente enviadas ao Hospital Ana Nery;
  • a unidade de saúde realizou pagamentos a uma empresa no nome de Cliver Fiegenbaum.

Fonte: g1 RS