UFSM lidera estratégia pioneira de recuperação de acervos arquivísticos danificados por enchentes no RS

A UFSM, em parceria com o Arquivo Nacional e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), está à frente de uma iniciativa de grande relevância para a preservação do patrimônio documental brasileiro. Com o objetivo de recuperar acervos arquivísticos danificados pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, uma equipe multidisciplinar realizou em Porto Alegre, nos dias 21 e 22 de outubro, um extenso roteiro por oito órgãos federais: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Serviço Geológico do Brasil (SGB), Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Ministério da Saúde.
Quatro arquivistas da UFSM fizeram parte da missão: Débora Flores, Daiane Segabinazzi Pradebon, Liziani de Souza Deglinomini e Aline Prade. Do grupo também faz parte a professora Leolíbia Linden, da Ufrgs, a arquivista Flávia Conrado Rossato, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, e também uma equipe do Arquivo Nacional (que inclui a coordenadora da missão, a especialista em preservação de acervos Maria Júlia Faissal Cardoso), composta por cinco militares arquivistas da força-tarefa das Forças Armadas.

A equipe realizou um diagnóstico detalhado dos danos nos acervos documentais e elaborou uma estratégia coordenada para sua recuperação, no âmbito do projeto “Desafios e estratégias na recuperação de documentos arquivísticos danificados pelas enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul”, liderado pela UFSM.

Parte dos acervos será tratada em Porto Alegre e outra parte será transportada para Santa Maria, onde será recuperada no Espaço Transdisciplinar TransDoc (estabelecido no Espaço Multiuso da UFSM), um hub pioneiro em recuperação documental que reúne infraestrutura de ponta, equipamentos especializados e equipes qualificadas. O TransDoc se consolidou como referência nacional para ações dessa natureza, oferecendo suporte integral ao processamento dos materiais.

A iniciativa conta com recursos descentralizados pelo Arquivo Nacional, por meio de Termos de Execução Descentralizada (TEDs), que somam aproximadamente R$ 7 milhões. Esses recursos fazem parte das ações do Arquivo Nacional em apoio às instituições no Rio Grande do Sul, possibilitando a recuperação dos acervos atingidos pelas enchentes. O financiamento permitirá o envolvimento de estudantes de graduação e pós-graduação de diversas áreas, bem como de docentes e técnico-administrativos, promovendo a pesquisa científica, o desenvolvimento de métodos inovadores e o estabelecimento de padrões de excelência replicáveis em futuras emergências.

Segundo a coordenadora do projeto, arquivista Débora Flores, o trabalho integrado, entre o Arquivo Nacional, as universidades, os órgãos federais e as forças armadas, é um marco na preservação de documentos de valor histórico, jurídico e cultural. “Essa ação reforça a importância de uma resposta coordenada diante de desastres, preservando não apenas documentos, mas a memória institucional e social do país”, destacou Débora.

Com essa iniciativa, a UFSM, em parceria com o Arquivo Nacional, consolida-se como um centro de referência em recuperação documental e preservação do patrimônio arquivístico no Brasil, unindo forças e conhecimento técnico para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e desastres naturais.