Nesta terça-feira, 15 de junho, é o Dia Internacional de Combate à violência contra a pessoa idosa e o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), através do Comitê Interinstitucional de Defesa e Proteção da Pessoa Idosa está promovendo amplamente a divulgação do tema com o objetivo de conscientizar a população. De acordo com a juíza-corregedora e coordenadora do Comitê, Geneci Campos, a data é muito importante para ampliar as discussões sobre o assunto.
“As formas de violência contra a pessoa idosa são bastante variadas, mas as principais são a violência física, o abandono, a violência psicológica e o estelionato, que é um crime bastante praticado contra os idosos”, afirma. Conforme Geneci, os idosos estão sofrendo muito especialmente nesse período por conta da pandemia da Covid-19 pelo isolamento, por pertencerem aos grupos de risco e, além disso, também por terem dificuldade no manejo das ferramentas tecnológicas.
Conforme dados da Delegacia do Idoso de Porto Alegre, o número de denúncias anônimas com relação à violência contra a pessoa idosa aumentou 108,97% em 2020 com relação ao ano anterior. Em 2019 a delegacia recebeu 401 denúncias e, em 2020, o número aumentou para 838. Além disso, até o dia 30 de abril de 2021, a delegacia recebeu 342 denúncias de crimes contra os idosos na Capital, o que representa 40,81% do total de denúncias do ano anterior. Os maiores aumentos foram observados em ocorrências em delitos de maus tratos, abandono e estelionato.
“Eles acabaram se isolando mais ainda e os dados apontam para um aumento dos crimes contra a pessoa idosa nos últimos meses e ainda acreditamos que esse número esteja subestimado, porque como o idoso não está podendo sair de casa, provavelmente em algumas situações que ele procuraria a rede de apoio, uma delegacia, o Ministério Público ou o próprio espaço especializado do Centro de Solução de Conflitos e Cidadania de Porto Alegre, o Cejusc 60+, ele não o faça por não estar saindo de casa”, destaca.
Por conta desses fatores, Geneci esclarece que a situação é preocupante e que é fundamental conscientizar todas as pessoas, especialmente os idosos.”A violência contra o idoso tem uma peculiaridade, pois muitas vezes é cometida por familiares, então o idoso não conta com um apoio, pelo contrário, principalmente no caso de abandono e maus tratos, acaba ficando com dificuldade de denunciar e, se um terceiro não perceber, o idoso pode estar sendo vítima sem procurar um serviço que possa dar um atendimento adequado em uma situação dessas”, declara.
Para esclarecer a população sobre a questão, o Comitê elaborou uma cartilha de direitinhos da pessoa idosa, mostrando quais os caminhos que devem ser trilhados caso um idoso esteja em uma situação de risco. O material está disponível neste link.
Crimes patrimoniais
Outra situação que tem chamado atenção é a ocorrência de crimes patrimoniais. “Os criminosos acessam o idoso através de telefone e ele acaba sendo iludido e entrega informações pessoais e até mesmo dados bancários, e quando se dá conta tem empréstimos em seu nome, por exemplo”, afirma. Para denunciar qualquer situação de violência contra a pessoa idosa, é possível utilizar o Disque 100, que irá direcionar cada caso para o atendimento específico.
“Precisamos estar sempre divulgando e colocando ferramentas à disposição desse grupo que é mais vulnerável, mas queremos conscientizar a sociedade como um todo, pois o tema é pouco debatido e olhar para os idosos é um dever da sociedade como um todo”, enfatiza Geneci. Segundo ela, todos precisam se preparar para um acolhimento do idoso que hoje em dia vive mais e, conforme passa o tempo, as demandas também aumentam. “Precisamos estar preparados para isso“, reitera.
*Correio do Povo