SP começa a fabricar hoje ButanVac ao custo de um terço da CoronaVac

O Instituto Butantan vai anunciar, nesta quarta-feira (28), a fabricação de 1 milhão de doses da ButanVac mesmo sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes do imunizante em humanos. Nesta terça (27), a agência negou o pedido do Butantan.

A produção de uma vacina ButanVac custa cerca de US$ 3 (quase R$ 17), praticamente um terço das duas doses (também uma vacina) da CoronaVac. Feito em parceira com o laboratório chinês Sinovac, o imunizante custa US$ 10,30 (quase R$ 57) aos cofres públicos.

O projeto do governo paulista é fabricar e armazenar 40 milhões de doses até julho, tamanha a confiança da gestão Doria no fármaco produzido completamente em território nacional. Isso porque se trata de uma tecnologia que o Brasil já domina.

No caso da ButanVac, a plataforma usada é o vírus de gripe aviária inativado, que funciona como vetor para transportar a proteína Spike. É por meio dela que o coronavírus se liga às células humanas, instruindo o corpo a induzir a resposta imune contra a covid-19.

Esse volume de vacinas é o chamado “quantitativo de risco”, uma remessa de um determinado imunizante ou medicamento produzido mesmo sem o aval das autoridades porque o fabricante acredita que cai funcionar.

No início da tarde, o governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, vão fornecer mais detalhes sobre o ritmo de produção da ButanVac, bem como os custos da operação.

Negativa da Anvisa

Nesta terça-feira, 27, a agência estatal negou um pedido da administração Doria para começar os testes da ButanVac em pessoas. Até agora, o fármaco só foi testado em animais — com resultados promissores.

A Anvisa alegou falta de documentos para frear o andamento da vacina. Entre as exigências da agência, estão informações como a composição da vacina, o processo de produção em São Paulo e o tamanho da amostra de humanos que passarão pelos testes. O Butantan já adiantou que as etapas de convocação de voluntários serão divulgadas assim que a Anvisa liberar os estudos.

Em nota, o Instituto ainda informou que recebeu os “apontamentos” da agência e que “manterá contato com o órgão regulador para viabilizar os esclarecimentos necessários ao seguimento do processo de autorização dos estudos clínicos de fases 1 e 2 da ButanVac”.

No mesmo comunicado, o Butantan adotou tom de cobrança a fim de acelerar a liberação dos experimentos. “O Butantan espera que o órgão regulador tenha o devido senso de urgência e aprove o quanto antes o início dos testes para que a nova vacina, a primeira a ser produzida no país sem necessidade de importação de matéria-prima (IFA), seja disponibilizada rapidamente à população brasileira”, termina a nota.

 

*Correio do Povo