Iniciada em meados de janeiro, a vacinação de crianças de 5 a 11 anos conta no Rio Grande do Sul com o apoio de diversas entidades médicas. As sociedades gaúchas de Pediatria e Infectologia e as sociedades brasileiras de Imunização e Genética Médica e Genômica expressam, todas, a importância da vacinação nesta idade.
Até esta quinta-feira (03/02), cerca de 71 mil crianças desta faixa já foram vacinadas contra o coronavírus no Estado. A covid-19, nesta faixa etária, já causou centenas de hospitalizações no RS e a morte de nove crianças de 5 a 11 anos.
Membro da Sociedade de Pediatria do RS, o médico José Paulo Ferreira, ressalta que mesmo após dois anos de pandemia, o atual momento é delicado. “O coronavírus continua aí se espalhando, continua com muitos casos e essa variante Ômicron está passando pra muita gente e está passando para muita criança”, destaca. “E nós não sabemos como vai ser daqui a dez, quinze, vinte, trinta anos. As crianças que estão pegando agora vão ficar com sequelas? Não sabemos. Então, qual é a única arma que nós temos nesse momento com segurança para tentar acabar com essa pandemia? Vacinação”, completa.
Ele comenta também sobre todas as etapas de validação da segurança por quais essas doses passaram antes de serem aprovadas no país. “Crianças de cinco a onze anos já têm duas vacinas liberadas: a Pfizer e a Coronavac. São vacinas que foram testadas, já foram feitas em milhões de crianças nos Estados Unidos, China e Chile, principalmente, onde foram testadas e aprovadas”, explica o médico pediatra. “Você que é pai ou mãe de crianças de cinco a onze anos, se encorajem, converse com o seu pediatra, tire suas dúvidas e façam as vacinas nas suas crianças. É uma maneira de protegê-las, proteger a nossa comunidade e tentar acabar essa pandemia que já dura mais tempo que nós temos condições de suportar”, afirma José Paulo.
O presidente da Sociedade Riograndense de Infectologia, o médico Alessandro Pasqualotto lembra que, apesar de não apresentar formas graves na maioria das crianças, a covid-19 possui mesmo assim riscos significativos nessas idades. “Algumas crianças têm sim a doença de forma bem grave, precisam ir para o hospital, têm doenças inflamatórias graves, acometendo o coração, o cérebro e a pele, inclusive com mais de 300 mortes já ocorridas no país nesta faixa dos 5 aos 11 anos”, explica. “É difícil acreditar que alguém possa morrer de uma doença passível de prevenção com vacina. Por quê? Porque existe uma crença de muitos que as vacinas não são seguras. Bobagem, pessoal! As vacinas foram comparadas com placebo, e elas foram tão seguras quanto a injeção de uma solução de água e sal”, diz o presidente da entidade, comentando sobre o processo que é feito nas etapas de testes clínicos, antes da aprovação. “Elas são seguras, elas funcionam, elas previnem a covid. Elas vão prevenir morte, vão prevenir infeção grave. É isso que nos importa”, complementa.
Pasqualotto também pondera a questão coletiva proporcionada pela vacinação. “Vamos com isso ter menos transmissão de covid entre as crianças. Um ambiente mais seguro nas escolas, em casa, para os avós”, acrescenta.
O pediatra gaúcho Juarez Cunha é o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), uma das principais entidades na defesa pela vacinação de crianças e adultos no país. “É importante salientar que nós temos dados que nos mostram que as crianças têm internado e têm morrido por covid, que é uma doença imunoprevenível, ou seja, prevenível por vacina”, afirma. “São mais de 300 óbitos e seis mil hospitalizações de crianças no Brasil nesses dois anos de pandemia só na faixa etária de cinco a onze anos”, detalha Juarez. Além de também reforçar a segurança que as duas vacinas disponíveis já comprovaram, ele frisa ainda que elas demostraram ser eficazes contra casos graves da doença. E, independente de aplicar ou não as vacinas, Cunha destaca que as outras medidas de prevenção ainda precisam ser mantidas, em especial, o uso de máscaras, lavagem de mãos e evitar aglomerações.
A médica presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM), Têmis Maria Félix, acrescenta ainda um importante lembrete: de ter uma maior atenção àquelas crianças com alguma doença de base, situações que são de maior risco em caso de contágio. “Conclamamos a todos pais a levarem seus filhos para tomar a vacina, ela é importante para proteger a todos, principalmente aqueles com comorbidades”, aponta. “E entre essas crianças, destacamos a importância de vacinar aquelas com condições genéticas e aquelas com doenças raras”, ressalta