A população não deve usar medicamentos como hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e outros como zinco e vitamina D contra a Covid-19. A recomendação foi feita pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e pela Sociedade Riograndense de Infectologia (Srgi) porque não surgiram evidências de que eles realmente funcionem. A avaliação é do médico infectologista Cláudio Stadnik, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, ao afirmar que não adianta ficar “atirando” em uma coisa improvável. “É gastar dinheiro público com coisas não comprovadas cientificamente”, ressaltou. Stadnik defendeu, por exemplo, a realização da testagem em massa da população como ocorreu na Coreia do Sul. “É um investimento mais seguro e eficaz”, acrescentou.
Na segunda-feira, durante a apresentação das novas diretrizes para o combate ao coronavírus o prefeito Sebastião Melo comentou sobre a disponibilização de medicamentos do “tratamento precoce” à Covid-19. A medida não tem o apoio, por exemplo, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e das Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e Riograndense de Infectologia (Srgi).
O prefeito evitou falar quais seriam os medicamentos – hidroxicloroquina, azitromicina ou ivermectina. Ele não disse se é a favor ou contra o uso desses remédios, mas enfatizou que a medida vem sendo adotada por diversos municípios. “Se o médico receitar e o paciente concordar, compete ao gestor disponibilizar”, comentou.
O gesto do prefeito vem de encontro a polêmica da hidroxicloroquina que chegou a ser “receitada” pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Na entrevista coletiva, Sebastião Melo afirmou que a rede pública de saúde deve oferecer os produtos e que o seu uso será decidido por um especialista (médico). Não há até o momento, pesquisas que comprovem a eficácia da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. No Brasil, o medicamento recebeu muita divulgação por conta do presidente Jair Bolsonaro e de políticos que tiveram a doença.
Na manhã desta terça-feira, três farmácias (Panvel, São João e Farmácias Associadas) do Centro Histórico de Porto Alegre tinham os medicamentos hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina para vender. Além do zinco e da vitamina D.
Nos três estabelecimentos, os funcionários relataram que as pessoas seguem pedindo as medicações, principalmente a hidroxicloroquina e a ivermectina. Tanto a hidroxicloroquina quanto a azitromicina necessitam de receita médica.
“Desde o começo da pandemia, muita gente tem vindo comprar esses remédios”, relatou uma funcionária da Farmácias Associadas. Já a ivermectina, o zinco e a vitamina D não necessitam de receituário médico.
*Correio do Povo