O Rio Grande do Sul tem atualmente cinco linhagens do coronavírus que são predominantes: B.1.1.28, P2, B.1.1.33, P1 e B.1.1.61. No total, foram identificadas 20, segundo o 4º Boletim Genômico elaborado pelo governo do Estado. No entanto, são essas cinco variantes que são as mais frequentes em solo gaúcho. De acordo com a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Cynthia Goulart, as linhagens que mais preocupam são as que circulam de maneira mais rápida: P1 e P2.
“As variantes vão dominando porque são mais rápidas. Se circulam mais rápido, também começam a gerar novas mutações mais rapidamente. O que nos preocupa atualmente é a P1, mas, categoricamente, neste momento do RS, a predominância nestes vírus que estão aqui não tem nenhuma relação com os pacientes que vieram do Norte do país para ser atendidos solidariamente no RS”, explicou Cynthia durante a primeira edição do Papo Científico, promovido nesta terça-feira pelo governo estadual.
Outro especialista presente no programa foi Richard Steiner Salvato, do Laboratório Central do Estado (Lacen-RS). Salvato destacou que a distribuição das linhagens não é heterogênea, o que demonstra uma oscilação ao longo do período pandêmico. “A gente vê que a distribuição da linhagem por mês durante a pandemia não é heterogênea. Algumas predominaram no início da pandemia, mas foram perdendo lugar para outras que passaram a predominar. Hoje, no último boletim, temos cinco linhagens predominantes”, afirmou o especialista do Lacen.
No Brasil, a epidemia se deu a partir de duas linhagens, a B.1.1.28 e a B.1.1.33, que, provavelmente, surgiram em fevereiro de 2020. Entre as que mais causam preocupação no RS, a P1, está associada à explosão de casos de Covid-19 em Manaus, no Amazonas, devido à alta capacidade de reprodução e de transmissibilidade. No entanto, o registro da P1 detectado em Gramado, na Serra, ocorreu em 14 de janeiro de 2021, dez dias antes de os primeiros pacientes do Norte do país serem transferidos ao Rio Grande do Sul para receber tratamento hospitalar.
Não há imunidade após a primeira infecção
Salvato ainda fez um alerta a quem já teve o coronavírus e se curou. Pessoas que tenham se contaminado pela Covid-19 em algum momento não podem se considerar imunes à reinfecção pela doença. “Tivemos casos em que a quantidade de anticorpos diminuiu. As reinfecções ocorrem independentemente das variantes. Então, temos de continuar nos cuidando, usando máscara. A solução é a vacinação e a manutenção das medidas de distanciamento”, destacou Salvato.
*Correio do Povo