Rio Grande do Sul recebe mais nove pacientes com Covid-19 de Rondônia

Em mais uma grande mobilização, no amanhecer desta sexta-feira, por volta das 5h30min, o Rio Grande do Sul acolheu mais nove pacientes com Covid-19 transferidos de Rondônia. Após mais um voo da Força Aérea Brasileira (FAB), o grupo foi triado e encaminhado, por ambulâncias, para hospitais da capital. Cada grupo de três pacientes, com idades entre 30 e 74 anos, foi internado no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Hospital Conceição e Hospital Vila Nova.

Na quarta-feira, o RS já tinha recebido nove pacientes e havia a previsão de chegar mais 41 entre esta e a próxima semana. Hoje (sábado) ainda há a possibilidade de até mais 15 pacientes chegarem ao estado, isto se não ocorrerem desistências ou problemas que impeçam o embarque deles em Porto Velho, capital de Rondônia, como foi novamente o caso de ontem.

A previsão inicial era que a aeronave C-105 da FAB fizesse o transporte de mais 15 pacientes, número que havia sido corrigido pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) para 11 até o final da noite de quinta-feira e atualizado para nove minutos antes da chegada. O voo, de 6h45min de duração, tinha estimativa inicial de chegar entre 1 hora e 2 horas de ontem, no Aeroporto Internacional de Porto Alegre, se tivesse partido da Ala 6, Base Aérea de Porto Velho, novamente às 18 horas de quinta-feira.

Mas acabou sendo adiado por motivos não esclarecidos, saindo às 22h05min (23h05min em Porto Alegre) e chegando no final da madrugada desta sexta-feira na capital gaúcha.  Na quarta-feira, as principais dificuldades relatadas pela Secretaria de Estado da Saúde de Rondônia (Sesau) era a resistência de muitos em aceitar a transferência para internação distante 3,6 mil quilômetros de casa.

Em Porto Alegre, assim como os primeiros rondonienses, eles inicialmente ocuparão leitos clínicos e somente serão internados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em caso de piora. Também permanecerão isolados dos demais doentes da Covid-19, devido ao risco de terem se infectado com a cepa que está circulando na região amazônica, e no Conceição e no HCPA, passarão por testes para identificação desta variação do Sars-CoV-2, o vírus que provoca a Covid-19.

Na primeira vez, eles estavam mais estáveis. Desta vez estão mais graves. Recebemos dois no oxigênio e não descartamos passar pelo menos um deles para a UTI”, informava o gerente de Emergências do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Alexandre Bessil, que acompanhou a chegada dos pacientes ao hospital. Durante todo o voo, os pacientes com situação mais deteriorada tiveram suporte de oxigênio suplementar.

Logística

Para a transferência entre o aeroporto e os hospitais, foram utilizadas ambulâncias básicas e avançadas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e das empresas Transul e Unimed, que cederam os veículos e as equipes. A Brigada Militar também fez a escolta entre o aeroporto e os hospitais. As prefeituras da capital e de Canoas participaram ativamente da logística de transferência, ao lado da Secretaria Estadual da Saúde (SES). “Somos todos brasileiros. Como o RS tem em torno de 22% de ocupação dos leitos clínicos, foi possível receber estes pacientes do estado de Rondônia”, resume a secretária Arita Bergmann, titular da SES.

No sábado passado, o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, apreensivo sobre o colapso do sistema de saúde da cidade, fez um apelo ao Ministério da Saúde por ajuda. No dia seguinte, 24, o governador gaúcho em exercício, Ranolfo Vieira Junior, a pedido da pasta, aceitou a disponibilidade em hospitalizar 50 pacientes daquele estado. De acordo com a Sesau, o acompanhamento desses pacientes está sendo feito através do assistente social de cada unidade hospitalar de origem, que vai fornecer as informações aos familiares por telefone ou via aplicativo de mensagem.    

O governo gaúcho segue mantendo o posicionamento de que a chegada dos rondonienses não impacta o cálculo das bandeiras do modelo de Distanciamento Controlado de Canoas e Porto Alegre. Segundo o Palácio Piratini, o Estado flexibiliza, na base de cálculo, pacientes de fora da região. Além disso, os pacientes ocuparão leitos clínicos, cujo percentual de ocupação está baixo neste momento – cerca de 22%