Promotor é suspeito de receber propina para regularizar terrenos

Um promotor de justiça foi denunciado pelo Ministério Público por receber propina para regularizar terrenos com problemas ambientais no Rio Grande do Sul. De acordo com a investigação realizada pelo próprio MP, Marcelo Petry e o assessor dele, Luciano Poglia, recebiam parte do dinheiro que os proprietários pagavam a um biólogo a título de consultoria.

De acordo com a investigação, os supostos crimes ambientais ocorriam no entorno da usina hidrelétrica do Rio Passo Fundo, em Trindade do Sul, na Região Norte do estado. Pelo menos 28 moradores teriam pago quantias em dinheiro a intermediários que procuravam pessoas autuadas pela polícia ambiental. A denúncia foi feita pelo procurador-geral de Justiça, Eduardo de Lima Veiga.

Ainda conforme a investigação do MP, o esquema funcionava da seguinte forma: o promotor conseguia da polícia os relatórios apontando os supostos crimes ambientais em condomínios do entorno da usina. Depois, os intermediários procuravam os moradores garantindo solução para o problema. O próximo passo era levar essas pessoas até o MP para assinar Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), encerrando os procedimentos. Pelo serviço, eles cobravam até R$ 500 mil, que eram divididos com o promotor e o assessor dele. Atualmente lotado em Erechim, Marcelo Petry está com as atividades suspensas.

A principal testemunha do esquema era o biólogo Marcos Cezar Carabagialle, responsável por procurar agricultores para oferecer a suposta consultoria. Ele fez acordo de delação premiada e disse que recebeu uma lista com nomes e telefones de pessoas que praticaram crimes ambientais. Na casa dele foi apreendida parte da contabilidade do esquema. Ao lado da palavra “promotor” aparece o valor de R$ 500.

Esta é a segunda denúncia criminal enfrentada por Petry. Ele também é acusado de comprar vaga em uma promoção para a cidade de Erechim e teria pago R$ 35 mil ao colega Sérgio Antônio Bins para ser promovido no lugar dele.

No esquema dos processos ambientais, também foi denunciado o intermediário Charles Valdir Hass, que teria relações comerciais com Petry. O MP afirma ainda que o assessor chegava a comandar audiências sem a presença do promotor e que, na condição de coordenador de um grupo de escoteiros, era beneficiado com o dinheiro referente a multas ambientais aplicadas pelo MP em Nonoai.