A discussão sobre a privatização do setor elétrico brasileiro ganha capítulos preocupantes. As noticias que chegam dão conta que 36 usinas da Eletrobras serão ofertadas ao capital privado, e até Itaipu estaria nessa lista. Esta manobra é entendida pelo governo federal uma “luz no fim do túnel” para o setor elétrico, no entanto, para a grande parte da população nacional, essa”luz” custará muito cara.
Após sofrer com aumentos no preço da gasolina e de outros produtos básicos, os brasileiros estão preocupados com o futuro preço da energia elétrica, e de fato devem ficar. Com a possível privatização das usinas, a conta de luz pode ter um aumento de 16,7% para consumidores residenciais , segundo simulações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e até 80% mais cara nas áreas rurais.
A conta é simples. Atualmente no Brasil o preço da energia é regulado, não permitindo que a empresa responsável pela distribuição coloque o preço desejável por ela, isto é feito para manter o preço barato da energia para o consumidor, para a indústria e para a produção de alimentos. Isto é realizado através de um “sistema de cotas” – uma determinada quantia de energia é vendida mais barata – e de subsídios concedidos a alguns setores, em especial, as famílias de baixa renda e a produção rural.
A proposta do governo Temer é acabar com esse mercado regulado, atraindo assim o interesse do dito mercado investidor. Quando isso acontecer, os donos de usinas produtoras de energia elétrica poderão cobrar o preço que quiserem, sem nenhuma restrição do poder público. Isto está sendo preparado através de uma consulta pública e de uma Medida Provisória do Ministério de Minas e Energia, que está para ser editada em setembro de 2017.
O presidente da Creluz, Elemar Battisti, também está atento e preocupado sobre os caminhos que o setor elétrico está tomando:
Energia Rural mais cara
Hoje a energia rural é subsidiada, com o objetivo de baratear a produção de alimentos e reduzir o êxodo rural. A medida provisória proposta pelo Ministério de Minas e Energia em curto tempo poderá acabar com esses subsídios , penalizando as população rural e também as Cooperativas de Eletrificação Rural.
Elemar Battisti também relata que a privatização irá distanciar cada fez mais a área rural, sobretudo os pequenos agricultores, do desenvolvimento:
O fato é que o processo de privatização das estatais brasileiras não está apresentando nenhuma certeza de um futuro melhor para os setores oferecidos ao mercado financeiro. Os processos dividem até mesmo a base governista, que apesar de apoiar as principais reformas propostas por Temer, não está vendo com bons olhos tal processo de desestatização.
A oposição também se movimenta. Para o o deputado Carlos Zarattini (PT- SP) a medida reflete a dificuldade do governo federal em fechar as contas. “Nós achamos isso um verdadeiro absurdo. A Eletrobras é um patrimônio nacional, sustentou o setor elétrico até agora. Nós não temos falta de energia no Brasil, desde o famigerado apagão em 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso”, disse.