Possibilidade de prejuízos para o produtor gaúcho de trigo devido a problemas climáticos

O produtor gaúcho de trigo enfrenta mais um ano com a possibilidade de prejuízos devido a problemas climáticos. Para tentar contornar esta situação, inclusive de ocorrer novamente no ano que vem uma redução de intenção de plantio, o setor já começa a discutir alternativas de mercado para o produto.

Embora ainda não se possa quantificar, a geada de setembro provocou uma drástica redução na produtividade da cultura. Os danos mais significativos ocorreram principalmente em lugares baixos das lavouras, onde se concentra uma maior quantidade da geada. O excesso de chuvas também prejudicou a qualidade do trigo. Atualmente mais de 60% da safra do Rio Grande do Sul está colhida, mas somente após as análises e comercialização é que se poderá ver a extensão dos problemas.

O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires, lembra que há alguns anos o Estado se voltou para a produção de trigo pão, que é o trigo para os moinhos produzirem farinha para o pãozinho francês. Salienta, porém, que o produtor é muito exigido em termos de qualidade, como por exemplo, cor, força de glúten, PH e mais dez características enquanto que, para exportação, analisa-se basicamente o PH e o teor de proteína. Estes fatores fariam com que a dificuldade de segregação de unidades armazenadoras seria minimizada. “São muitas variáveis que os moinhos nos pedem e a compensação de preço que nós temos não acompanha nem os trigos importados da Argentina e Canadá, que são os principais fornecedores hoje”, avalia Pires.

A FecoAgro/RS e os produtores estão discutindo com as áreas técnicas das cooperativas um processo de regionalizar algumas áreas do Estado para produzir trigo para exportação. Pires afirma que parece ser um contrassenso falar em exportar trigo, já que o país importa o produto. Mas, segundo ele, o mercado age desta forma. “Já que nós temos problemas aqui no Rio Grande do Sul pelo segundo ano consecutivo, o produtor hoje quer uma lavoura que talvez até o produto valha menos, tenha um valor por unidade, por saco, por tonelada menor do que o valor que o moinho pagaria, mas em compensação os riscos climáticos de prejuízos à cultura não seriam tão avaliados, já que nós temos a qualidade para a exportação, mesmo com as adversidades de clima”, salienta.

O trigo gaúcho poderia ser exportado para ração ou até para a farinha de algum país menos exigente. O presidente da FecoAgro observa que no Brasil existe a cultura do pão francês com uma farinha muito branca, mas que talvez tenham países que não exijam isso. “Nós estamos começando um processo de discussão no sentido de tornar com menos risco a atividade do produtor de trigo no inverno e criar uma alternativa. Mas quem quiser continuar produzindo e segregando trigo pão, tudo bem. Inclusive terão mais liquidez, pois a oferta será menor”, garante.

Com informações da AgroEffective,

Gracieli Verde/O Alto Uruguai