O governador Eduardo Leite (PSDB) deve divulgar nesta quinta-feira o novo calendário da proposta de retomada das atividades presenciais de educação no Estado, mesmo em meio a posições contrárias de prefeitos e outros órgãos relacionados a área. A proposta inicial era de que a partir do dia 31 de agosto as instituições de Educação Infantil já pudessem ter aulas, mas após reunião com a Federação de Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), o governo adiou ideia para setembro.
Entretanto, de acordo com dados preliminares de uma consulta online feita pelo Cpers Sindicato, com mais de 1,7 mil pais, alunos, professores, funcionários das escolas e equipes diretivas de 730 instituições estaduais de 253 municípios gaúchos, 86% dos participantes acreditam que é inviável que as aulas sejam retomadas antes de uma vacina contra o coronavírus. As respostas foram coletadas entre os dias 27 de julho e 12 de agosto, mas o questionário segue aberto para resposta até o fim do mês pelo site.
– Assim como a ciência aponta, não há condições das escolas estaduais retornarem agora. Essa consulta é mais um documento que reforça que não sabemos de onde, nem de que jeito, que o Eduardo Leite está tentando forçar uma volta intempestiva e irresponsável – explicou o diretor do 2º Núcleo do sindicato em Santa Maria, Rafael Torres.
A consulta também aponta que 77% dos participantes defendem que a Educação Infantil deve ser a última modalidade a retomar as atividades presenciais, e não a primeira, como é a proposta do governo.
VOLTA NÃO SERÁ OBRIGATÓRIA
Desde que Leite anunciou o possível calendário das atividades presenciais, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) esclareceu que a volta não será obrigatória aos estudantes, e que uma alternativa ao ensino presencial deverá ser ofertada a todos.
“A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) informou que o retorno dos estudantes às aulas no modelo presencial, no âmbito do Rio Grande do Sul, terá o consentimento dos pais em todos os níveis de ensino. Entretanto, o acesso à educação é garantido pela Constituição Federal e por órgãos como o Conselho Estadual de Educação (CEEd) e Ministério Público. Desta forma, a rede de ensino deverá oferecer uma opção de educação ao aluno, seja de forma remota ou por meio da entrega física dos materiais didáticos pelos professores”, afirmou em nota.
RESULTADOS PRELIMINARES DA PESQUISA
Vacina e volta às aulas
- 86% NÃO acreditam que é possível retomar as aulas sem vacina. Apenas 6% responderam que é possível; os demais afirmaram não saber
- 84% dos pais afirmam que não mandariam os filhos à escola antes da disponibilização de uma vacina. Apenas 5% levariam. 11% afirmaram não saber
- 77% acreditam que a Educação Infantil deve ser a última modalidade a retomar as atividades presenciais
Recursos da escola e condições de retorno
- 71% dos respondentes afirmam que a escola não fornece máscaras com a frequência necessária para os profissionais nos plantões
- 70% afirmam que a escola não tem espaços físicos adequados para atender alunos(as) mantendo distanciamento social e em ambientes arejados
Questões específicas para equipes diretivas
- 91,9% afirmam que a escola não tem recursos suficientes para investir em estrutura para receber alunos(as) e adquirir os EPIs necessários
- 81% afirmam que a escola não tem um número adequado de profissionais de limpeza para realizar a higienização necessária
- 70,4% revelam que os repasses da verba de autonomia financeira estão em atraso
- 61,6% afirmam que os repasses da verba de manutenção estão em atraso
Fonte: DSM