Palmeiras e Inter são os times do momento no Campeonato Brasileiro. O primeiro tem seis vitórias seguidas e está um ponto atrás do Botafogo na briga pela liderança. O segundo não perde há oito jogos e trocou a ameaça do rebaixamento pela disputa por uma vaga na Libertadores – ou, para os mais otimistas, até pelo título. E um elemento os une: ambos têm apenas o Brasileirão para jogar.
Alguns dias atrás, eu estava escutando a Rádio Gaúcha, e o colega Diogo Olivier fez uma frase engenhosa, algo como: “No futebol brasileiro, para você ganhar, você precisa perder”. Ele se referia justamente ao preço cobrado pela concomitância de disputas de alta competitividade. Esse preço costuma ser pago com preservações e lesões.
E o Inter era um time em frangalhos, era um morto-vivo tentando se manter de pé em campo – terrivelmente prejudicado pela enchente, que deixou o elenco sem treinar, fez o clube jogar longe de seu estádio e prensou ainda mais o calendário. O trabalho de Roger Machado é muito bom, são evidentes as digitais do treinador no time, mas o essencial é a recuperação física do elenco. As eliminações na Copa do Brasil (para o Juventude) e na Sul-Americana (para o Rosario Central) deram, a um grupo qualificado, tempo para descansar, treinar e recuperar lesionados. É outro time.
Enquanto isso, o Botafogo perdeu dois pontos em casa neste domingo, contra o Grêmio, em jogo no qual preservou alguns titulares. O mesmo Grêmio, duas rodadas antes, havia vencido o Flamengo, que poupara 12 jogadores (sem contar os lesionados) – enquanto o Inter batia o São Paulo, com a maioria dos titulares poupados, no Morumbis. Flamengo e São Paulo usaram times reservas ou mistos por causa de decisões na Libertadores. Ambos acabaram eliminados.
Preservações são culpa do calendário, esse assunto que estamos todos exaustos de debater. Elas podem causar desequilíbrio ao campeonato, podem favorecer adversários. Mas acontecem tanto, e vindas de tantos lados, que o prejudicado de hoje é o beneficiado de amanhã – para ser novamente prejudicado depois de amanhã. E assim vamos vivendo.
Restam dez rodadas em disputa no Campeonato Brasileiro para a maioria dos clubes. Alguns deles, como o São Paulo na briga por vaga na Libertadores e o Fluminense na luta contra o rebaixamento, viverão o terço final da competição com essa nova realidade, tendo apenas ela como preocupação. E poderão comprovar a ideia de que para ganhar é preciso perder.
Fonte: ge RS
Foto: Ettore Chiereguini/AGIF