A Polícia Civil deu início a uma ação nesta quinta-feira (6) na comunidade do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, que já é considerada a operação mais letal da história da cidade. Oficialmente, ao menos 25 pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas, segundo a corporação. A ação ocorreu em violação a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proíbe operações policiais nas favelas e periferias do Rio de Janeiro durante a pandemia.
Entre as vítimas, estão o policial civil André Leonardo de Mello Frias, morto com um tiro na cabeça, e 24 moradores, que a polícia diz serem “suspeitos”, mas não informa como chegou a essa informação ou em que situação elas foram assassinadas. Outros dois policiais também foram feridos com tiros na perna e de raspão no braço. A operação em Jacarezinho começou ainda durante a manhã de hoje, quando moradores deixavam suas casas a caminho do trabalho. Os tiros atingiram dois passageiros que estavam dentro de uma composição do metrô na estação Triagem.
Execução
Desde o ano passado, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como a ADPF das Favelas, referendada pelo STF, não só limita operações policiais nas favelas e periferias do Rio para casos excepcionais, como também proíbe o uso de helicóptero por atiradores de elite enquanto perdurar a pandemia de covid-19. Por volta das 14h, as Comissões de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), e a Defensoria Pública e o Instituto de Defesa da População Negra (IDPN) entraram institucionalmente na comunidade para acompanhar a operação ao lado da população que protestava por justiça.
No local, os representantes flagraram uma série de violações. Pelo twitter, o advogado Joel Luiz Costa, co-fundador e coordenador do IDPN divulgou imagens que mostram muitos projéteis e sangue espalhados pelo chão das ruas e casas que foram invadidas por criminosos e policiais. Em um dos vídeos, uma mãe denuncia que o filho foi executado pela polícia, “que já chegou atirando”. “Eles apontaram o fuzil para mim, falando que eu tinha que morrer só porque eu fui perguntar onde o corpo do meu filho estava”, contou. Segundo Costa, o grupo conseguiu acesso a seis casas e os sinais são de arrombamento, com civis mortos e sem marcas de troca de tiros. “Foi execução”. “Dói na alma vê um cenário de guerra dentro da sua própria favela, sabe. É cruel”, escreveu o advogado.
*Sul 21