O Rio Grande do Sul passa por uma alta no índice de mortalidade por dengue entre idosos. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Fiocruz, em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e com a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), em texto publicado na revista científica IJID Regions, editada pela International Society for Infectious Diseases (ISID).
No estudo, o grupo de pesquisadores identificou uma alta letalidade em casos graves no Rio Grande do Sul, na comparação com outros estados com maior incidência histórica da doença, a exemplo de Pernambuco e Rio de Janeiro. O período analisado foi de 2021 a 2024.
“O estado do Rio Grande do Sul tem sido historicamente menos afetado, mas registrou aumento significativo de incidência e mortalidade nos últimos quatro anos”, explica o pesquisador Gabriel Wallau, da Fiocruz Pernambuco, que assina o artigo com outros profissionais
Por dentro do estudo
O estudo relata que os fatores que explicam essa letalidade aumentada podem estar relacionados a:
- Proporção elevada de idosos no estado – a maior do Brasil;
- Baixa conscientização para detectar e tratar a doença antes que evolua para casos graves;
- Desafios no manejo de pacientes idosos com dengue grave.
Outro dado que chamou atenção dos cientistas que assinam o artigo é a ausência de maiores variações de sorotipos e de genótipos do vírus da dengue no RS comparado a outros estados brasileiros. Isso demonstra que as razões de aumento de mortalidade no estado não devem estar associadas à genética do vírus.
“O mais importante é aumentar as campanhas de conscientização. O diagnóstico precoce, principalmente na parcela da população mais vulnerável como os idosos (60+ não podem tomar a vacina da dengue disponível) pode fazer uma grande diferença, diminuindo a chance da evolução para dengue grave”, explica Gabriel Wallau.
Os casos no RS
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES) em 2024, o Rio Grande do Sul registrou mais de 206 mil casos confirmados de dengue com 281 óbitos. Foi o ano com o maior número de casos e mortes da doença. A situação se repetiu a nível nacional, com mais de 6,6 milhões de casos e 5,9 mil mortes, segundo dados do Ministério da Saúde.
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), dos 281 pacientes que vieram a óbito, 217 eram pessoas acima dos 60 anos. Mais de 70% dos óbitos por dengue foram idosos (veja dados abaixo).
Casos de dengue nos últimos quatro anos no RS
- 2024
Casos confirmados: 208.217
Óbitos: 281
Óbitos de idosos: 217 - 2023
Casos confirmados: 38.737
Óbitos: 54
Óbitos de idosos: 38 - 2022
Casos confirmados: 67.346
Óbitos: 66
Óbitos de idosos: 52 - 2021
Casos confirmados: 10.625
Óbitos: 11
Óbitos de idosos: 8
Por conta dos altos números de casos no ano anterior, a Secretaria da Saúde reforça, desde o início do ano, medidas de prevenção à proliferação e circulação do Aedes, transmissor do vírus da Dengue, como a limpeza e revisão das áreas internas e externas das residências ou apartamentos e eliminação dos objetos com água parada são ações.
Além disso, a Secretaria também destaca implementação de medidas para prevenção e conscientização da população quanto ao vírus. “O Governo do Estado vem realizando, desde o final do ano passado, capacitações em conjunto com as Coordenadorias Regionais de Saúde, os municípios e a atenção básica com o objetivo de orientar sobre protocolos de manejo clínico, diagnóstico e organização das equipes de assistência, dando prioridade aos pacientes com maior vulnerabilidade”, afirma a Secretaria.
Após sentir alguns dos sintomas, a Secretaria reafirmou a importante de buscar atendimento rápido, evitando o agravamento da doença.
Os principais sintomas são:
- Febre alta (39°C a 40°C), com duração de dois a sete dias
- Dor retro-orbital (atrás dos olhos)
- Dor de cabeça
- Dor no corpo
- Dor nas articulações
- Mal-estar geral
- Náusea
- Vômito
- Diarreia
- Manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira
Fonte: g1 RS
Foto: Reprodução/RBS TV