No Brasil, 1,23 milhão de mulheres reportaram ser vítimas de violência entre 2010 e 2017. No mesmo período, mais de 177 mil mulheres e meninas foram vítimas de violência sexual e 38 mil mulheres foram assassinadas. Os dados são parte da plataforma Evidências sobre Violências e Alternativas para mulheres e meninas (EVA), lançada hoje (25) pelo Instituto Igarapé, que atua em questões de segurança e desenvolvimento.
A data escolhida para o lançamento é o Dia Internacional da Não-violência Contra a Mulher. Além do Brasil, a plataforma reúne também dados sobre a mesma questão no México e Colômbia, e deverá agregar informações de outros países com a evolução desse trabalho, cujo objetivo é reunir conteúdo relevante para informar políticas públicas voltadas à prevenção, redução e eliminação da violência contra mulheres na América Latina.
Os dados, que chegam ao nível municipal, estão detalhados por idade, raça e tipo de instrumento utilizado. A plataforma mostra também a evolução dos direitos humanos das mulheres e da igualdade de gênero, e explora a implementação de iniciativas de combate à violência contra mulheres.
Em 2017, no município de Frederico Westphalen, segundo os dados disponíveis na plataforma, os principais tipos de arma utilizados para agredir mulheres foram a força corporal (44.4%) e produtos químicos e substâncias nocivas (22.2%). Além disso, a faixa etária mais atingida foram mulheres entre 15 e 29 anos, com 44.4%.
“A produção, a coleta e a sistematização de dados são ações fundamentais para entender os padrões da violência contra mulheres e para planejar políticas baseadas em evidência e que sejam eficazes”, informa a plataforma.
A plataforma apresenta também dados dos sistemas de saúde, fundamentais para entender que tipos de violências estão sendo atendidas em hospitais, centros de atenção e outras unidades.
O instituto acredita que a ausência de órgãos responsáveis pela produção de dados e a falta de padronização em sua sistematização dificulta as análises e a identificação de padrões de vitimização. Assim, presta sua contribuição tanto aos sistemas de saúde como de segurança pública para esse tipo de violência. As pesquisas nacionais de vitimização foram também consideradas para a Colômbia e para o México, que não produzem dados sobre a violência psicológica e moral.
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Ministra tenta simbolizar a data
Na carona do Dia Internacional da Não-violência Contra a Mulher, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Bolsonaro, Damares Alves, convocou a imprensa na tarde de hoje para dar entrevista coletiva. Mas surpreendeu os repórteres ao aparecer na frente dos microfones e se manter em silêncio, e depois sair sem responder às perguntas, encerrando a coletiva.
Uma hora após o episódio, a assessoria de imprensa da ministra informou que ela fez uma encenação para mostrar como o silêncio da mulher incomoda. “Se uma mulher perde a voz, todas perdem”, informou a assessoria, lembrando a data celebrada hoje.
Mais tarde, em evento no Palácio do Planalto, a ministra Damares explicou seu ato: “Eu queria dizer para todos os repórteres que a mulher não pode ficar em silêncio”. E completou: “Você que está sendo vítima de violência ligue agora 180, é no nosso ministério nós vamos atender. Você mulher cigana, ribeirinha, indígena, quem está sofrendo algum tipo de violência, ligue para nós”.
*Rede Brasil Atual