Leite mantém corte de ponto “para desestimular a prática grevista”

O governador Eduardo Leite afirmou, nesta quinta-feira, 9, que vai manter o corte de ponto dos professores que aderiram à greve da categoria e que essa postura tem objetivo de evitar futuras paralisações. Conforme Leite, o governo respeita a mobilização, mas tem direito a não pagar os servidores que participam do movimento — iniciado em 18 de novembro.

— O governo insiste nessa posição em benefício da sociedade gaúcha, não apenas olhando para essa greve, mas para o futuro, para desestimular a prática grevista. Isso não significa desrespeito à greve. O direito de greve é preservado, dá condição aos profissionais, aos servidores, de terem seu contrato de trabalho preservado, sem que possam ser demitidos, mas não assegura remuneração — disse.

O governador afirmou também que o desconto dos dias parados é uma “ação decisiva e determinada” do Piratini e que, se os professores seguirem em greve, terão mais um mês descontado dos vencimentos.

— Se os professores não retornarem às aulas imediatamente, uma consequência eles terão: perder mais um mês de salário. Muita gente já tem um mês de salário perdido. Se não voltarem imediatamente, vão ter mais um. Quando o governo exige que trabalhem para concluir o ano letivo, não está exigindo nada mais do que o contrato de trabalho estabelece. Vão ter que usar o recesso para dar aulas — afirmou Leite.

O governador também sugeriu que, no futuro, o próprio Cpers pague aos servidores os salários relativos aos dias de greve:

— Se querem estimular os professores, os servidores, a aderirem à greve, que formem um fundo. O sindicato tem recursos para isso. Forme um fundo e ofereça ele (o sindicato) o pagamento dos dias parados.

Em longa resposta sobre o tema, após evento no Palácio Piratini, o governador também manteve a atual oferta aos grevistas, de desconto gradual dos dias parados, nas folhas salariais dos próximos meses:

— Estamos oferecendo uma alternativa razoável. Voltem ao trabalho. Não somos desumanos, insensíveis. Pagamos (os dias parados) em folha suplementar, em cinco dias úteis, e se faz o desconto depois, ao longo dos próximos meses — projetou.

O governo calcula que 83 escolas estaduais ainda estejam em greve, das cerca de 2,5 mil. Na próxima terça-feira, 14, os professores voltam a analisar, em assembleia convocada pelo Cpers, os rumos da paralisação — os últimos dois encontros entre governo e grevistas terminaram sem acordo.

 

*Gabriel Jacobsen/ZH