Paulo Guedes, ministro da Economia, é proprietário de uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. A informação foi revelada neste domingo, 3, pelo Pandora Papers, projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) que reúne centenas de profissionais de imprensa, incluindo alguns de veículos brasileiros, como a Agência Pública e a Revista piauí.
Guedes fundou a Dreadnoughts International em 2014 e, nos meses seguintes, aportou na conta da offshore, aberta numa agência do banco Crédit Suisse, em Nova York, a quantia de US$ 9,55 milhões, o equivalente a R$ 23 milhões na época e a R$ 51 milhões hoje.
ABERTURA NÃO É ILEGAL
De acordo com a reportagem, a abertura de uma offshore não é ilegal, desde que o saldo seja declarado à Receita Federal e ao Banco Central. Mas, no caso de servidores públicos, o artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de ser afetadas por políticas governamentais.
Além de Guedes, o Pandora Papers revelou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também foi proprietário de uma offshore no Panamá, outro paraíso fiscal. Criada em 2004 com um capital de US$ 1,09 milhão (R$ 3,3 milhões à época ou R$ 5,8 milhões hoje), a empresa era controlada por Campos quando ele assumiu o BC, em 2019, e assim permaneceu até agosto de 2020, quando teria sido fechada.