
Homem é preso após perseguir moradora de Gravataí por mais de 10 anos
Investigações apontam que a vítima recebeu mais de cem e-mails com declarações, cobranças e agressões ao longo de uma década
Um homem suspeito de perseguir uma moradora de Gravataí desde 2013 foi preso em Porto Alegre na última quarta-feira (26). Conforme a investigação, os dois nunca tiveram qualquer vínculo afetivo.
Segundo a Polícia Civil, a prisão aconteceu após sucessivos episódios e descumprimento de ordens judiciais. O preso não teve o nome divulgado.
A apuração policial revelou que a insistência começou com tentativas de aproximação e mensagens repetidas, o que evoluiu para uma sequência de mais de cem e-mails que variavam entre declarações obsessivas, cobranças e agressões verbais quando não havia resposta.
A vítima e o investigado se conheciam apenas superficialmente, por meio de conhecidos do Vale do Taquari. Segundo o relato à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Gravataí, o homem descobriu o telefone dela ainda em 2013 e tentou uma aproximação forçada. Mesmo com a recusa inicial, as mensagens continuaram e se estenderam por dez anos.
Os e-mails acumulados ao longo dos anos mostravam oscilações entre linguagem romântica, com referências a casamento e família, e quando não recebia retorno, utilizava uma linguagem agressiva.
A mulher já havia buscado ajuda em outras ocasiões: registrou ocorrências por perseguição em 2021 e 2022, mas naquele momento recebeu uma medida cautelar no âmbito criminal, já que, segundo a polícia, a situação não se enquadrava inicialmente na Lei Maria da Penha, pois não havia qualquer vínculo afetivo ou familiar entre as partes.
Em 2023, ao retornar à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Gravataí e apresentar as mensagens insistentes, quegeravam medo crescente e um grande impacto na saúde mental da vítima, a equipe representou por medidas protetivas de urgência.
— A Justiça acolheu o pedido e autorizou a aplicação da Lei Maria da Penha, reconhecendo o caso como violência de gênero, mesmo sem relação íntima — conforme explicou a delegada Amanda Ribeiro da Silva Andrade, responsável pela investigação na Delegacia de Atendimento à Mulher de Gravataí.
Segundo a delegada, o investigado evitava deliberadamente receber intimações judiciais, alternando endereços e driblando atendimentos formais.Essa postura aumentou a avaliação de risco e reforçou a necessidade de proteção à vítima.
A prisão preventiva foi embasada pela combinação de descumprimento de ordens judiciais, risco concreto e continuidade da perseguição.
Ao ser preso, o suspeito alegou que “não havia sido intimado”, reação interpretada pela polícia como evidência de que ele tinha plena compreensão do processo.