Um homem foi condenado, em julgamento encerrado na madrugada desta sexta-feira (16), a 13 anos e seis meses de prisão pela tentativa de feminicídio da ex-namorada em Porto Alegre. O réu é Thiago Guedes Pacheco, de 43 anos, investigado por agredir ao menos 10 ex-namoradas.
O caso julgado pela Justiça tratou das agressões contra a psicóloga Nádia Krubskaya Bisch, ex-namorada do réu, em 2019 (relembre o caso abaixo). Thiago está preso há quase cinco anos na penitenciária de Canoas, na Região Metropolitana.
O g1 entrou em contato com a defesa de Thiago, mas não obteve retorno até a atualização mais recente desta reportagem.
O julgamento começou na quinta-feira (15). Testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas, assim como o réu e a vítima. O júri foi formado por seis mulheres e um homem.
O acusado respondia por tentativa de feminicídio com quatro qualificadoras: motivo torpe, dissimulação, meio cruel em razão de asfixia e a questão de gênero em si.
O primeiro julgamento aconteceu no dia 3 de julho, mas terminou sem conclusão depois de um desentendimento entre o Ministério Público e a defesa, que levou a juíza encerrar a sessão.
De acordo com a Polícia Civil, dez mulheres já foram identificadas, e registraram diversas ocorrências contra Thiago por agressão, ameaça e repetidos descumprimentos de medidas protetivas. Sete das ocorrências foram feitas em Porto Alegre, e uma em Gravataí, na Região Metropolitana da Capital. Outras duas vítimas foram identificadas em Brasília e em Barcelona, na Espanha.
O caso
Thiago e Nádia tiveram um relacionamento e terminaram em março de 2019. Na época, a psicóloga contou que foi constantemente perseguida e ameaçada de morte pelo homem. Em novembro de 2019, Nádia teria sido perseguida pelo ex no estacionamento do trabalho.
A polícia pediu a prisão preventiva do homem e, no mesmo mês, ele foi detido em uma operação de combate ao feminicídio realizada em todo o país. No entanto, ficou apenas um dia na cadeia.
Uma semana depois de ser solto, no início de dezembro, Thiago voltou a procurar Nádia. O acusado teria até o condomínio onde ela mora, na capital, e solicitado que ela fosse com ele até o carro, estacionado algumas quadras adiante. Segundo a denúncia, o homem a obrigou-a a entrar no veículo e, de acordo com a psicóloga, tentou matá-la.
“Ele me esperou na frente da minha casa, chorando, dizendo que estava muito difícil ficar longe, que estava sofrendo. Eu baixei a guarda. Ele me agarrou, começou com um inquérito sobre com quem eu estava, e começou a me agredir”, disse Nádia na época.
Nádia foi salva por um motorista que passou pela rua e percebeu as agressões. A pedido da polícia, a Justiça decretou novamente a prisão preventiva de Thiago por tentativa de feminicídio.
“Ele me deu um mata-leão, botou a mão na minha boca e dizia com os dentes cerrados que iria me apagar, me matar, desovar meu corpo. Me dava tapas, puxão de cabelo, que eu era isso e aquilo. Na terceira vez [que a agarrou], lembro de ficar tudo preto e de meu corpo amolecer, da sensação de desmaio. Fingi que tinha desmaiado. Não sei quanto tempo fiquei sem respirar”, recorda.