Desde segunda-feira, 21, a mobilização dos caminhoneiros em todo o país vem ganhando força e adesão de diferentes categorias. Inúmeros pontos de rodovias federais e estaduais estão sendo bloqueadas em protesto contra o aumento dos combustíveis. Nesta quinta-feira, 24, as mobilizações seguem por todo o Rio Grande do Sul. Desde o início da manhã, os caminhoneiros estão paralisados às margens de rodovias gaúchas no quarto dia de protestos. As manifestações ocorrem em pelo menos 40 cidades, segundo o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM). 

Diferentes setores já vem sentindo o reflexo das paralisações, dentre eles o transporte de leite e outros alimentos no Estado. O Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do RS (Sindilat) relatou que está preocupado com as manifestações porque os caminhões estariam paralisados nas mobilizações. Com os veículos presos, a retirada de leite de 65 mil propriedades rurais fica prejudicada. Diariamente, 12,5 milhões de litros são captados em fazendas do Rio Grande do Sul. A Aurora Alimentos também divulgou que irá paralisar as atividades de processamento de aves e também de suínos por conta dos protestos. A iniciativa se estende aos estados de Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.  

A General Motors (GM) afirmou nesta quarta-feira que suspendeu as atividades de transporte de carros para as concessionárias em função das manifestações. Além disso, Revendedores de gás liquefeito de petróleo (GLP) em todo o Estado tem comunicado o Sindicato das Empresas Distribuidoras, Comercializadoras e Revendedoras de Gases em Geral do Rio Grande do Sul (Singasul) a falta do recebimento do combustível das distribuidoras.

Associação dos Caminhoneiros não aceita acordo do governo

Uma reunião entre Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) e o governo foi realizada nesta quarta-feira, 23, porém terminou sem acordo. A associação se encontrou com representantes da União para decidir se iria manter a greve e, de acordo com o presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes, o pedido é que o governo tome medidas que possam reduzir o preço dos combustíveis no país e, sem ações imediatas por parte da União, a greve deve continuar. A Associação pede uma eliminação da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) e PIS/Cofins sobre combustíveis, além de uma mudança na política de reajuste de preços, que, na avaliação da categoria, deveria ocorrer a cada 90 dias: 


Paralisação das atividades públicas

A Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) informou, na noite desta quarta-feira, que 75% das cidades gaúchas confirmaram que devem paralisar atividades que demandem o uso de combustíveis na sexta-feira, dia 25. Conforme o presidente da entidade, Salmo Dias, a paralisação, em 372 dos 497 municípios gaúchos, é “contra o preço abusivo dos combustíveis e em apoio também aos caminhoneiros”, embora as próprias prefeituras corram risco de perder verbas com a redução de impostos sobre o diesel. A lista dos municípios vai ser disponibilizada no site da entidade.

Serão paralisadas todas as atividades, exceto as de saúde: “A patrola que precisa fazer manutenção na estrada, o equipamento que precisa desentupir o valo, o transporte escolar, vamos suspender por um dia. Até porque alguns municípios já dão conta de que não estão com o devido abastecimento de combustível”, exemplificou Dias.

Segundo o presidente da Famurs, além da dificuldade enfrentada pela falta de combustível, os municípios temem ser ainda mais afetados pela redução ou suspensão da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre o diesel. Para ele, todos os municípios do país serão afetados caso isso ocorra: “Não somos contra tirar a Cide, mas vai atingir os municípios mais uma vez, que vão ficar penalizados, já que 5% eram repassados aos municípios. Era um valor importante que utilizávamos para tapar buracos, fazer manutenção de rodovias e estradas vicinais e para compra de combustíveis”, disse.

Mobilização na região

Assim como diferentes pontos do Estado, Frederico Westphalen também conta com protestos da categoria. Os caminhoneiros se concentram no quilômetro 37, em frente ao Posto da Lagoa. Nesta sexta-feira, 25, deve ocorrer uma grande mobilização com a participação de diferentes entidades que apoiam o movimento. Uma carreata deve sair do Parque de Exposições Monsenhor Vitor Batistella e se dirigir até o local da mobilização para realização de um ato. 

Em apoio aos caminhoneiros, as prefeituras dos 43 municípios que compõem a Associação dos Municípios da Zona da Produção (AMZOP), paralisarão suas atividades. Uma nota foi divulgada pela entidade na tarde desta quarta-feira, confira: 

A Associação dos Municípios da Zona da Produção – AMZOP, maior entidade representativa do municipalismo gaúcho, em nome dos seus 43 municípios, em face dos aumentos excessivos dos valores dos combustíveis nos últimos meses e diante dos grandes prejuízos causados ao setor produtivo Gaúcho e Brasileiro, manifesta-se a favor do movimento dos caminhoneiros, pela redução do preço e dos impostos incidentes sobre o óleo diesel.

Como o combustível impacta diretamente nos custos de transporte e de mecanização das atividades rurais, vocação da maioria dos municípios da nossa região, essa elevação tende a aumentar os preços finais dos alimentos, incidindo também no custo da manutenção da frota de máquinas rodoviárias e veículos dos municípios para a prestação de serviços as nossas comunidades.

O diesel é a principal ferramenta, é o carro chefe do progresso brasileiro, e o governo precisa se conscientizar que os derivados do petróleo, especialmente o diesel, são itens de primeira necessidade, uma questão de vanguarda nacional, pois sua elevação constante, afeta o cotidiano dos brasileiros.

É preciso mudar esta política de preços equivocada que prejudica a vida de todos. Considerando que essa luta não é apenas dos caminhoneiros, mas também do comércio, indústria, agropecuária, prestação de serviços e de toda a população, entendendo que o movimento é legítimo e justo, a AMZOP, decide:

-1º DECLARAR apoio total e irrestrito ao movimento dos caminhoneiros;

-2º SOLIDÁRIA a este setor importante da economia brasileira, as Prefeituras Municipais da nossa região, estarão com as portas fechadas na próxima sexta-feira, dia 25 de maio de 2018.