Ex-secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, depõe na CPI da Covid

Nesta terça-feira, 15, os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia escutam o ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo, que deve ser questionado principalmente sobre a crise de oxigênio no estado, que levou pelo menos 23 manauaras a óbito. 

A convocação do ex-secretário foi solicitada pelos senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Alessandro Vieira (sem partido-SE). Para Rogério, a presença de Campêlo é importante para que o mesmo esclareça os acontecimentos “no tocante ao colapso da saúde no estado do Amazonas no começo do ano” bem como à fiscalização dos recursos federais por estados e municípios em relação ao combate da pandemia de covid-19.

Por sua vez, Vieira espera que Campêlo explique “todas as circunstâncias relativas ao colapso da saúde na capital amazonense no início do ano, especialmente com relação à falta de oxigênio e à atuação dos gestores públicos para a resolução da crise”. 

Campêlo foi secretário de Saúde do Amazonas durante o colapso no sistema de saúde amazonense, devido à escassez de oxigênio nos hospitais da região. No dia 1 de junho, no entanto, foi preso pela Polícia Federal no âmbito da Operação Sangria, e cinco dias depois pediu a exoneração do cargo.

Segundo o senador Eduardo Braga (MDB-AM), em entrevista à GloboNews, o depoimento de Campêlo deve ser esclarecedor em relação à crise de oxigênio, colocando-se a si mesmo ou então o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em contradição. 

Antes de Pazuello ser ouvido pelos senadores na CPI da Pandemia, o Ministério da Saúde mudou três vezes a data em que recebeu a informação sobre a crise de oxigênio em Manaus, no estado do Amazonas, das autoridades locais. Na CPI da Covid, Pazuello disse que foi informado sobre a crise no dia 10 de janeiro, quatro dias de o sistema de saúde do município colapsar.

“Fiquei sabendo no dia 10 [de janeiro] à noite, em uma reunião com o governador [de Manaus, Wilson Lima] e o secretário de Saúde. Chegamos no dia 10, no dia 11 abrimos o Centro Integrado de Coordenação e Controle e na sequência, no dia 12, começaram a chegar as aeronaves trazendo mais oxigênio”, disse o ex-ministro aos senadores, na CPI.

No dia 18 de janeiro, durante entrevista coletiva, Pazuello disse que foi informado no dia 8 de janeiro. Em 28 de janeiro, a data mudou para o dia 17 de janeiro. Então, no dia 4 de fevereiro, a data mudou para o dia 10 de janeiro, em depoimento à Polícia Federal em Brasília.

Segundo um inquérito do Ministério Público que trata do caso de Manaus, que está sob sigilo, o Ministério da Saúde foi informado no dia 8 de janeiro sobre a iminente escassez de oxigênio na capital do Amazonas, de acordo com a intervenção do senador Humberto Costa (PT-PE). A informação se baseia em um documento oficial entregue ao STF pela Advocacia-Geral da União (AGU), assinado pelo Advogado-Geral, José Levi.