Com expectativa de chegar a 4 milhões de toneladas na safra 2019/2020, a 9ª Colheita do Milho foi aberta nesta sexta-feira, , em Chiapetta, na região Noroeste, considerada a principal produtora dessa cultura no Estado. A região sedia o evento, a cada ano variando a cidade-sede. Além do começo simbólico da colheita, também houve o lançamento do Programa Estadual de Produção e Qualidade do Milho, o Pró-Milho RS.
O governador assinou o decreto que cria o Pró-Milho RS. Em seguida, as entidades parceiras entregaram a Leite o termo de apoio ao programa. “Não é apenas um papel assinado, é um programa consistente, criado com a participação de quem está na ponta, que sabe quais são as necessidades”, afirmou o governador, lembrando que o decreto já foi publicado no Diário Oficial do Estado desta sexta.
Leite ressaltou que somente o Pro-Milho RS não é suficiente. Ao lembrar as medidas que vêm sendo tomadas pelo governo para melhorar as condições de investimento no Estado, o governador também citou a modernização do Código Ambiental e os esforços tomados para a redução dos custos logísticos e tributários e da burocracia.
De acordo com a Emater/RS, a expectativa era de que a produção de milho tivesse um aumento, em relação à safra anterior, de 3,65% – cerca de 209 mil toneladas –, como resultado do aumento de 1% na área cultivada, e de 2,58% na produtividade. Sendo assim, antes da estiagem, a estimativa era de que a colheita do grão chegasse a 5,9 milhões de toneladas, um pouco acima do resultado da safra de 2018/2019, que foi de 5,7 milhões de toneladas.
No entanto, a safra do milho também foi afetada pelo período de seca. O diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri, estima uma perda de 20% em relação às 5,9 milhões de toneladas previstas inicialmente, o que resultaria em uma colheita de cerca de 4 milhões de toneladas.
“Quem ousa empreender na agricultura merece nosso apoio e nosso respeito. Além das dificuldades burocráticas e de custos, estão sujeitos às incertezas do clima. Podem achar que não há o que comemorar, devido às perdas estimadas por causa da estiagem, mas estamos aqui comemorando que sobrevivemos a esse período. O gaúcho é resiliente, e parabenizo aqueles que têm a coragem e a dedicação para seguirem neste ramo”, exaltou o governador.
As maiores perdas foram nas regiões de Porto Alegre (35%), Caxias do Sul (35%) e Santa Maria (40%). Em outras, porém, como nas regiões de Santa Rosa e Bagé, a quebra não passou dos 5%.
Em 2019, o Rio Grande do Sul plantou 763,9 mil hectares de milho, resultando em uma produção de 5,7 milhões de toneladas. O Estado conta com cerca de 180 mil produtores do cereal, que é exportado para 12 países, especialmente Espanha, Estados Unidos, Irã e Líbano, gerando R$ 61,6 milhões. Os dados são da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Social (Seapdr). Neste ano, de acordo com a Emater, a exportação deverá ser da ordem de 2 milhões de toneladas, mas o número ainda não está consolidado.
Na comparação com a safra anterior (2017/2018), houve um aumento de 25,7% na produção do cereal no Estado no ano passado. O valor bruto da produção (VPB), em 2019, foi de R$ 3,3 bilhões. O milho é estratégico para o RS, uma vez que a participação direta e indireta na economia chega a 10% do PIB.
Compareceram à solenidade os secretários Covatti Filho (Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural) e Juvir Costella (Logística e Transportes), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ernani Polo, o presidente da Abramilho, Alysson Paolinelli, o prefeito de Chiapetta, Éder Luís Both, o presidente da Apromilho, Ricardo Meneghetti, e o senador Luiz Carlos Heinze, entre outras autoridades.
Pró-Milho RS
A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) idealizou o Programa Estadual de Produção e Qualidade do Milho (Pró-Milho RS) com o objetivo de aumentar a produção do cereal, tornando o Rio Grande do Sul autossuficiente nessa cultura. Um dos motivos para a criação do programa é o fato de que a produção gaúcha ainda não atende à demanda. Além da alimentação humana, o cereal é essencial para as cadeias produtivas da proteína animal, como avicultura, suinocultura e bovinocultura de corte e leite.
As discussões para a idealização do programa ocorreram ao longo de 2019 na Câmara Setorial do Milho, que criou grupos de trabalho para analisar questões como produção, qualidade e crédito e comercialização. Foram discutidas diretrizes, metas e estratégias para o programa.
Na produção, a estratégia será intensificar a assistência técnica aos produtores, ter maior eficácia tecnológica na produção, ampliar a área irrigada de milho, pesquisar variedades mais adaptadas a cada região e aumentar a produtividade em regiões de menores resultados por área.
No item qualidade, o grupo indicou a necessidade de ampliar o número de secadores de grãos, modernizar os procedimentos de recebimento, limpeza e secagem e aumentar a capacidade estática de armazenamento no Estado.
Para crédito e comercialização, definiu-se que é preciso ampliar comercializações antecipadas e a utilização de mecanismos de travamento de preços, como contrato a termo, mercado futuro e contrato de opções; agilizar as contratações dos financiamentos de custeio e investimento; e buscar parcerias com agentes financeiros e bancos de fábrica para financiamentos de equipamentos de irrigação, secadores e armazéns.
Entidades participantes do Pró-Milho RS
Agroindústrias, cooperativas, sementeiras, Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho), Associação das Empresas Cerealistas do RS (Acergs), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Emater/RS, Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Instituto de Pesquisa Gianelli Martins, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Banrisul, Badesul, Banco do Brasil, BRDE, Sindicato da Indústria de Produtores Suínos (Sips), Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Organização das Cooperativas do Estado do RS (Ocergs), Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), seguradoras, Federação da Agricultura do RS (Farsul) e Sociedade de Agronomia do RS (Sargs).
*Secom