A Comissão de Educação, Cultura, Desporto Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa promoveu uma audiência pública para discutir perspectivas do mercado de trabalho para jovens no período pós-pandemia. A atividade foi proposta pelo deputado Faisal Karam (PSDB).
O deputado Issur Kock (PP), integrante da Comissão de Educação, fez a abertura oficial do debate e, logo em seguida, passou a coordenação dos trabalhos para o deputado proponente. Inicialmente, o ex secretário de Educação do Estado falou sobre a inserção dos jovens no mercado de trabalho. “Um desafio histórico no país”, frisou. Ele salientou que a inserção está diretamente relacionada aos estudos. Neste sentido, lembrou que a rede pública do estado do Rio Grande do Sul nos últimos 12 anos reduziu o número de matrículas em cerca de 700 mil alunos.
Faisal destacou também outros fatores que caracterizam os últimos anos na educação gaúcha, como a evasão escolar. “A pandemia, ao logo destes 19 meses, agravou este quadro. Hoje, na região metropolitana de Porto Alegre vivem mais de 150 mil jovens que não estudam e nem trabalham. O maior impacto nas matrículas se concentra no EJA, o que caracteriza o abandono dos estudos”, lamentou.
RECUPERAÇÕES DO MERCADO
O diretor do Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), Perdro Zuanazzi, apresentou pesquisas comparando a presença de jovens no mercado de trabalho no Brasil e no Rio Grande do Sul, durante os períodos pré e pandêmicos. Estes estudos mostram que houve uma queda acentuada no nível de ocupação de empregos por jovens durante a crise, recuperada nos últimos três meses. “No segundo trimestre de 2020, houve um aumento elevado do número de jovens de 18 a 24 anos que não estudam e que não participam do mercado de trabalho. No RS este patamar ainda não retornou aos níveis de antes da pandemia”, destacou. Pedro disse que a pesquisa revelou ainda que o comércio é a atividade com maior participação de jovens no mercado de trabalho no Brasil e no RS, e que a remuneração média é mais baixa entre os jovens do que os mais velhos e que o saldo acumulado de emprego formal entre janeiro de 2020 e setembro de 2021 foi positivo nas faixas mais jovens.
Por sua vez, o diretor-presidente da Fundação Gaúcha de Trabalho e Ação Social (FGTAS), Rogério Grade, informou que entre admissões e desligamentos de empregos no mês de setembro houve um saldo positivo de 3836 vagas. Segundo ele, o saldo acumulado no ano, entre janeiro e setembro, é acima de 130 mil novas oportunidades de trabalhos formais, enquanto que o salto acumulado do ano passado foi negativo em cerca de 90 mil vagas. Conforme ele, a retomada dos empregos se deve ao avanço da vacinação e ao fortalecimento do número de agências do FGTAS/SINE. “O perfil das vagas disponibilizadas, em grande parte, não exige experiência. O que atende a faixas de inserção no mercado de trabalho”, sublinhou. Rogério afirmou que o cenário da empregabilidade no RS, comparado principalmente com 2020, é de avanço.
O coordenador do Departamento de Acompanhamento da Rede de Atendimento (Dara), Ademilson Arruda, explicou que o público do FGTAS é específico e é majoritariamente encaminhado para o setor industrial. “São pessoas muito carentes que percebem na Fundação a última chance de emprego”, comunicou.
O diretor-superintendente da Superintendência da Educação Profissional da Secretaria da Educação, Frederico Guedes, o gerente de Educação Profissional e Tecnológica do Senai/FIERGS, Eliseu Ferrigo e a chefe de gabinete do secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luciane Lewis, falaram a respeito das oportunidades de estágios e empregos de jovens que estudam em escolas técnicas e rurais, a importância da escola vocacionar o estudante ainda durante o ensino médio e as políticas educacionais e estratégicas de longo prazo, que garantam formação profissional voltada para a inovação e alta tecnologia.