Está circulando nas redes sociais uma mensagem que relaciona os casos de varíola dos macacos com vacinas contra a Covid-19, em especial, as que utilizam vetor de adenovírus de chimpanzé, como a Astrazeneca.
A varíola dos macacos foi descoberta pela primeira vez em 1958, e se trata de uma doença semelhante à versão humana da varíola, que foi erradicada do mundo em 1980, depois de uma ampla vacinação global. Os sintomas das duas doenças são parecidos, incluindo febre, dores no corpo, gânglios inchados, calafrios, exaustão, e principalmente o desenvolvimento de erupções cutâneas.
Desde o dia 12 de maio de 2022, o mundo enfrenta o maior surto de varíola dos macacos fora da África. Até essa terça-feira, dia 31 de maio, já são mais de 550 casos confirmados em todo o mundo. Entre os 24 países com confirmações de contaminação, o maior número de casos aparece no Reino Unido, com mais 190 casos. No Brasil, o Ministério da Saúde informou, nesta segunda-feira, 30, que foi notificado sobre dois casos suspeitos de varíola dos macacos no país, mas nenhum ainda confirmado. Um caso suspeito está no Ceará e o outro, em Santa Catarina. Um terceiro caso, que pode ser suspeito, está sendo monitorado no Rio Grande do Sul.
Os especialistas indicam que, de maneira pouco frequente, essa doença é grave, já que os pacientes se recuperam em poucas semanas. O grupo que corre maior risco são as crianças e mulheres grávidas, por isso, medidas como isolamento e higiene são muito importantes, já que a transmissão da doença acontece por contato próximo entre as pessoas.
Mesmo assim, circulam pelas redes sociais notícias de que a vacina AstraZeneca contra o Covid-19 teria relação com o surto da varíola dos macacos, por usar um vetor de adenovírus de chimpanzé em sua fórmula.
Em entrevista, a médica, mestre em saúde pública e doutora em ciências da saúde Mayumi Duarte Wakimoto, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), fabricante da vacina, afirma que a alegação é falsa.
Assim como outros cientistas, Wakimoto explica que o adenovírus usado na vacina contra o Coronavírus é associado ao vírus do resfriado comum, e não tem nenhuma relação com o vírus da varíola dos macacos. Ele está presente em muitos imunizantes, e serve para transportar material genético de um vírus para uma célula humana, e é o que gera o funcionamento da vacina.
A tecnologia de vetor viral, que possui o adenovírus, emprega uma versão modificada e segura de um vírus que atua como um sistema de entrega de informação para o nosso corpo. Portanto, o adenovírus usado na vacina não tem capacidade de se reproduzir, não causa doenças e não é infeccioso.
Por isso, fique tranquilo! Não há a mínima possibilidade da vacina contra o Covid-19 causar a varíola dos macacos em humanos, assim como qualquer outra doença. A vacina contra o coronavírus é importantíssima para a sua saúde, e serve apenas para lhe proteger. Fique sempre atento aos canais de comunicação confiáveis, para ter acesso a informações obtidas por jornalismo feito com seriedade.
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