Circula pelas redes sociais a informação de que o suposto “dono das urnas brasileiras” tenha sido preso sob suspeita de fraude eleitoral pelo FBI. Tome cuidado, essa notícia é falsa!
Um vídeo que circula no WhatsApp alega que o CEO da Smartmatic, Antonio Mugica, teria sido preso pelo FBI, o Departamento de Investigação Federal dos Estados Unidos. O motivo da prisão teria sido fraude eleitoral.
A Smartmatic é uma multinacional que, de fato, já prestou serviços para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre 2012 e 2016. No entanto, a empresa nunca forneceu urnas para o Brasil, atuando somente com o aluguel de equipamentos de transmissão via satélite.
Em 2020, diante de boatos que acusavam a companhia de fraude, o TSE explicou que o serviço fornecido pela Smartmatic não oferecia acesso aos dados de votação dos eleitores. O Tribunal afirmou que não seria possível realizar qualquer fraude, pois os dados gerados pela urna são cifrados e assinados digitalmente.
Diante do novo boato envolvendo a empresa, o TSE afirmou que a falsa informação de que a Smartmatic fabrica urnas eletrônicas brasileiras já foi desmentida inúmeras vezes. Mais uma vez, o Tribunal comunica que, mesmo que a empresa produzisse as peças físicas do equipamento, isso também não seria um indício de irregularidade, uma vez que as partes dos sistemas confeccionadas pelo fabricante são desenvolvidas conforme especificações do Tribunal e não são integradas ao software oficial sem ampla avaliação da equipe técnica.
Além disso, não há qualquer registro de que o presidente da Smartmatic, Antonio Mugica, tenha sido preso. Nas postagens que repercutem o boato, a alegação é atribuída ao canal americano Fox News. No site oficial da rede de TV, no entanto, não há nenhuma reportagem sobre a suposta prisão.
O canal, na verdade, repercutiu denúncias sobre a Konnech, pequena empresa americana de software eleitoral que atuou nas eleições estadunidenses. O executivo-chefe da Konnech, Eugene Yu, foi preso na semana passada por conta de uma investigação sobre o possível roubo de informações pessoais de trabalhadores eleitorais. Não há nenhum registro de trabalhos realizados pela Konnech para o TSE.
Conforme já mostrado em outras verificações feitas pelo Estadão, a Smartmatic atuou em 15 eleições venezuelanas, entre 2004 e 2017. Os serviços foram suspensos após o CEO da companhia, Antonio Mugica, denunciar que a taxa de comparecimento dos eleitores anunciada pela Comissão Eleitoral nas eleições de 30 de julho daquele ano não correspondia aos números que haviam sido registrados pela empresa — a taxa de participação teria sido inflacionada em pelo menos um milhão de eleitores. A empresa diz que já prestou serviço para 5 bilhões de eleitores na Bélgica, Noruega, Estônia, Estados Unidos, Itália, Armênia, Filipinas, Argentina e México.
*Com informações do Estadão